Soneto do Prazer Maior
Amar dentro do peito uma donzela;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Falar-lhe, conseguindo alta ventura, Depois da meia-noite na janela:
Fazê-la vir abaixo, e com cautela Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura Apertá-la nos braços casta e bela:
Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos, E a boca, com prazer o mais jucundo, Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:
Vê-la rendida enfim a Amor fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que há no mundo.
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