Soneto da Escultura Escandalosa
Esquentado frisão, brutal masmarro Girava em Santarém na pobre feira;
Eis que divisa ao longe em couva ceira Seus bons irmãos seráficos de barro:
O bruto, que arremeda um boi de carro Na carranca feroz, parte à carreira, Os sagrados bonecos escaqueira, E arranca de ufania um longo escarro:
N'alma o santo furor lhe arqueja, e berra;
Mas vós enchei-vos de íntimo alvoroço, Povos, que do burel sofreis a guerra:
Que dos bonzos de barro o vil destroço É presságio talvez de irem por terra Membrudos fradalhões de carne e osso!
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