Sete de setembro
I
Foi um dia de glória! - O povo altivo Trocou sorrindo as vozes de cativo Pelo cantar das festas!
O leão indomável do deserto Bramiu soberbo, dos grilhões liberto, No meio das florestas!
Lá no Ipiranga do Brasil o Marte Enrolado nas dobras do estandarte Erguia o augusto porte;
Cercada a fronte dos lauréis da glória Soltou tremendo brado da vitória:
- Independência ou morte!
O santo amor dos corações ardentes Achou eco no peito dos valentes No campo e na cidade;
E nos salões - do pescador nos lares, Livres soaram hinos populares À voz da liberdade!
II
Anos correram; - no torrão fecundo Ao sol de fogo deste novo-mundo A semente brotou;
E franca e leda, a geração nascente À copa altiva da árvore frondente Segura se abrigou!
A roda da bandeira sacrossanta Um povo esperançoso se levanta Infante e a sorrir!
A nação do letargo se desperta, E - livre - marcha pela estrada aberta Às glórias do porvir!
O país, n'alegria todo imerso, Velava atento à roda só dum berço.
Era o vosso, Senhor!
Vós do tronco feliz doce renovo, Vede agora, Senhor, na voz do povo Quão grande é seu amor!
Rio - 1858