Rimas
A uma menina que pedia para ler meus versos Queres meus versos? São tristes, Talvez te façam chorar...
Ó santa, tu não resistes Às nuvens de meu penar.
Foge do frio da dor, Procura o sol do conforto, Ajoelha sobre o Tabor, Não venhas rezar no Horto.
Teus olhos são lindos, lindos, Como noites de verão;
Guardam sorrisos infindos:
Não quero vê-los, ai! não...
Cheios de pranto, pousando Sobre o meu verso dolente...
Tem pena do fulgor brando De teu olhar Inocente!
O pranto é que apaga o brilho Dos olhos de quem padece:
À mãe, quando perde um filho, No olhar o brilho fenece.
E tu, mimosa criança, Pomba adorada e franzina, Em cujo seio a Esperança Canta a canção mais divina;
Por que procuras o espinho Da dor que fere, atormenta, Se o teu sorriso é um ninho Que a graça eterna acalenta?
Da mágoa o triste segredo Vens penetrar sem rebuço...
Ah! queres saber bem cedo Quanto nos custa um soluço!
Ó anjo! foge da dor, Procura o sol do conforto...
Ajoelha sobre o Tabor, Não venhas rezar no Horto.