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Poesia Litigiosa

NÃO QUERO OUTRO AMOR
"Eu não quero outro amor; não quer a abelha Um novo cetro se o primeiro cai;
Iramaia viúva nos desertos, Peregrina chorando — a morte atrai.
Eu não quero outro amor; sou como o cervo Que a raiz encontrou no jibatã;
Ali se abriga na floresta escura, Lá viu-o a noite, e vê-lo-á a manhã.
Eu não quero outro amor; não quer a paca Mais de um caminho, procurando o rio, Ali a espera o caçador malvado, Ali ferida, soluçou, caiu.
Eu não quero outro amor — sou como o índio Que caminha buscando o Taracuá:
Afeito ao fogo da escolhida planta Vai andando e rejeita o Biribá.
Eu não quero outro amor — não quer a planta Outra seiva, outro sol, estranho chão:
Não cresce longe, mas definha e prende Amando o sol que encubara o grão.
Eu não quero outro amor; sou como a seta Que num vôo somente corta o ar;
Se perde o golpe tomba logo inerte Entra o índio sem caça o tijupar.
Eu a vítima fui da seta ervada, De plumas verdes, venenoso fio;
Mas não quero outro amor, ajoelho e beijo O pó da campa que este amor abriu.
Porque eu sou como a abelha que rejeita Um novo cetro se o primeiro cai;
Iramaia perdida nos desertos Peregrina, chorando a morte atrai."


Domínio Público Gov.BR


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