O quê?
Em que cismas, poeta? Que saudades Te adormecem na mágica fragrância Das rosas do passado já pendidas?
Nos sonhos d'alma que te lembra?
- A infância!
Que sombra, que fantasma vem banhado No doce eflúvio dessa quadra linda?
E a mente a folhear os dias idos Que nome te recorda agora?
- Arinda!
Mas se passa essa quadra, fugitiva, Qual no horizonte solitária vela, Por que cismar na vida e no passado?
E de quem são essas saudades?
- Dela!
E se a virgem viesse agora mesmo Surgindo bela qual visão de amores, Tu, p'ra saudá-la bem do imo d'alma Diz-me, poeta - o que escolhias?
- Flores.
E se ela, farta dos aromas doces Que tem achado nos jardins divinos, Tão caprichosa machucasse as rosas...
Diz-me, meu louco, o que mais tinhas?
- Hinos!
E se, teimosa, rejeitando a lira, A fronte virgem para ti pendida, Dum beijo a paga te pedisse altiva...
O que lhe davas, meu poeta?
- A vida!
Rio - 1858