Noite cruel
A meu irmão Henrique Morrer... morrer... morrer... Fechar na terra os olhos A tudo o que se ama, a tudo o que se adora;
E nunca mais ouvir a música sonora Da ilusão a cantar da vida nos refolhos...
Sentir o coração ferir-se nos escolhos De tormentoso mar, - pobre vaga que chora! -
E no arranco final da derradeira hora, Soluçando morrer num oceano de abrolhos.
Nem ao menos beijar - ó supremo desgosto! -
A mão doce e fiel que nos enxuga o rosto Mostrando-nos o Céu suspenso de uma Cruz...
E perguntar a Deus na agonia e nas trevas:
Onde fica, Senhor, a terra a que nos levas, Com as mãos postas no seio e os dois olhos sem luz?!
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