No monte
"Parei... Volvi em torno os olhos assombrados...
Ninguém! A solidão pejava os descampados...
Restava inda um segundo... um só p'ra me salvar;
Então reuni as forças, ao céu ergui o olhar...
E do peito arranquei um pavoroso grito, Que foi bater em cheio às portas do infinito!
Ninguém! Ninguém me acode... Ai! só de monte em monte Meu grito ouvi morrer na extrema do horizonte!...
Depois a solidão ainda mais calada Na mortalha envolveu a serra descampada!...
"Ai! que pode fazer a rola triste Se o gavião nas garras a espedaça?
Ai! que faz o cabrito do deserto, Quando a jibóia no potente aperto Em roscas férreas o seu corpo enlaça?
"Fazem como eu?... Resistem, batem, lutam, E finalmente expiram de tortura.
Ou, se escapam trementes, arquejantes, Vão, lambendo as feridas gotejantes, Morrer à sombra da floresta escura!...
"E agora está concluída Minha história desgraçada.
Quando caí — era virgem!
Quando ergui-me — desonrada!"