No barco
— Lucas! — Maria! murmuraram juntos...
E a moça em pranto lhe caiu nos braços.
Jamais a parasita em flóreos laços Assim ligou-se ao piquiá robusto...
Eram-lhe as tranças a cair no busto Os esparsos festões da granadilha...
Tépido aljofar o seu pranto brilha, Depois resvala no moreno seio...
Oh! doces horas de suave enleio!
Quando o peito da virgem mais arqueja, Como o casal da rola sertaneja, Se a ventania lhe sacode o ninho.
Cantai, ó brisas, mas cantai baixinho!
Passai, ó vagas..., mais passai de manso!
Não perturbeis-lhe o plácido remanso, Vozes do ar! emanações do rio!
"Maria, fala!" — "Que acordar sombrio", Murmura a triste com um sorriso louco, "No Paraíso eu descansava um pouco...
Tu me fizeste despertar na vida ...
"Por que não me deixaste assim pendida Morrer co'a fronte oculta no teu peito?
Lembrei-me os sonhos do materno leito Nesse momento divinal... Qu'importa?...
"Toda esperança para mim 'sta morta...
Sou flor manchada por cruel serpente...
Só de encontro nas rochas pode a enchente Lavar-me as nódoas, m'esfolhando a vida.
"Deixa-me! Deixa-me a vagar perdida...
Tu! — Parte! Volve para os lares teus.
Nada perguntes... é um segredo horrível...
Eu te amo ainda... mas agora — adeus!"