Never more
A uma falsa amiga
I
Não te perdôo, não, meus tristes olhos Não mais hei de fitar nos teus, sorrindo:
Jamais minh’alma sobre um mar de escolhos Há de chamar por ti no anseio infindo.
Jamais, jamais, nos delicados folhos Do coração como n’um ramo lindo, Há de cantar teu nome entre os abrolhos A ária gentil de meu sonhar já findo.
Não te perdôo, não! E em tardes claras, Cheias de sonhos e delícias raras, Quando eu passar à hora do Sol posto:
Não rias para mim que sofro e penso, Deixa-me só neste deserto imenso...
Ah! se eu pudesse nunca ver teu rosto!
II
Ah! se eu pudesse nunca ver teu rosto!
E nem sequer o som de tua fala Ouvir de manso à hora do Sol posto Quando a Tristeza já do Céu resvala!
Talvez assim o fúnebre desgosto Que eternamente a alma me avassala Se transformasse n’um luar de Agosto, Sonho perene que a Ventura embala.
Talvez o riso me voltasse à boca E se extinguisse essa amargura louca De tanta dor que a minha vida junca...
E, então, os dias de prazer voltassem E nunca mais os olhos meus chorassem...
Ah! se eu pudesse nunca ver-te, nunca!