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Textos para uso geral de domínio público.

Na margem

"Vamos! Vamos! Aqui por entre os juncos Ei-la a canoa em que eu pequena outrora Voava nas maretas... Quando o vento, Abrindo o peito à camisinha úmida, Pela testa enrolava-me os cabelos, Ela voava qual marreca brava No dorso crespo da feral enchente!
Voga, minha canoa! Voga ao largo!
Deixa a praia, onde a vaga morde os juncos Como na mata os caititus bravios...
Filha das ondas! andorinha arisca!
Tu, que outrora levavas minha infância — Pulando alegre no espumante dorso Dos cães-marinhos a morder-te a proa, —
Leva-me agora a mocidade triste Pelos ermos do rio ao longe... ao longe..."
Assim dizia a Escrava...
Iam caindo Dos dedos do crepúsc'lo os véus de sombra, Com que a terra se vela como noiva Para o doce himeneu das noites límpidas...
Lá no meio do rio, que cintila, Como o dorso de enorme crocodilo, Já manso e manso escoa-se a canoa.
Parecia, assim vista ao sol poente, Esses ninhos, que tombam sobre o rio, E onde em meio das flores vão chilrando — Alegres sobre o abismo — os passarinhos!...
. . . . . . . . . . .
Tu — guardas algum segredo?...
Maria, 'stás a chorar!
Onde vais? Por que assim foges, Rio abaixo a deslizar?
Pedra — não tens o teu musgo?
Não tens um favônio — flor?
Estrela — não tens um lago?
Mulher — não tens um amor?


Domínio Público Gov.BR


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