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Minha Mãe

Oh l‘amour d’une mère!
amour que nul n’oublie!
V. Hugo.

Da pátria formosa distante e saudoso, Chorando e gemendo meus cantos de dor, Eu guardo no peito a imagem querida Do mais verdadeiro, do mais santo amor:
— Minha Mãe! —
Nas horas caladas das noites d’estio Sentado sozinho co’a face na mão, Eu choro e soluço por quem me chamava — “Oh filho querido do meu coração!” —
— Minha Mãe! —
No berço, pendente dos ramos floridos Em que eu pequenino feliz dormitava:
Quem é que esse berço com todo o cuidado Cantando cantigas alegre embalava?
— Minha Mãe! —
De noite, alta noite, quando eu já dormia Sonhando esses sonhos dos anjos dos céus, Quem é que meus lábios dormentes roçava, Qual anjo da guarda, qual sopro de Deus?
— Minha Mãe! —
Feliz o bom filho que pode contente Na casa paterna de noite e de dia Sentir as carícias do anjo de amores, Da estrela brilhante que a vida nos guia!
— Uma Mãe! —
Por isso eu agora na terra do exílio, Sentado sozinho co’a face na mão, Suspiro e soluço por quem me chamava:
— “Oh filho querido do meu coração!” —
— Minha Mãe! —
Lisboa — 1855


Domínio Público Gov.BR


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