Mimo de Anos
À pequenita Maurina Gomes
Pensei ao acordar:
Faz anos Sinhazinha.
À minha afilhadinha Que mimo posso dar?
E, d’alma nos refolhos, Alguém disse-me, então:
Leva-lhe o coração E a bênção de teus olhos.
E logo, ó flor celeste!
Corri a abençoar-te...
Mas, antes de abraçar-te, A minha mão vieste Beijar tão docemente, Com tão gentil carinho, Como o de um pobrezinho Beijando a mão clemente D’aquele que o consola Lançando-lhe no seio, Cheio de humilde enleio, A pequenina esmola!
E eu cismo, então, com pejo:
Bênção e coração, Acaso valerão O mimo d’esse beijo?
Um beijo de criança, Caindo em minhas dores, É como o Sol nas flores.
O pálio da esperança.
E enquanto, ó lírio, voa A ti meu coração, Beijando a minha mão, É’s tu quem me abençoa...
Ó doce inocentinha, Guarda a sonhar, contigo, O coração amigo E a bênção da madrinha.
26, Agosto de 1899