Mater
A meus irmãos
Ó santa, ó minha mãe, meu sol primeiro!
Luiz Murat
Minha mãe! meu amor! Por que voaste, rindo, Para o país azul e santo da quimera?
Minha mãe! minha mãe! Se o céu é sempre lindo, Aqui também há sol, também há primavera...
Depois que te partiste e os teus pobres filhinhos, Pequeninos e sós, deixaste na orfandade, Ficamos a chorar - implumes passarinhos! -
Que os pássaros também soluçam de saudade.
Pobres aves sem ninho, andamos a procura Do ninho de teu seio imaculado e amigo, Criancinhas sem berço, em busca de um abrigo No berço de tu’alma alabastrina e pura.
Não nos deixe sofrer, outrora, quando aflita Tu nos via chorar - os risos de tu’alma! -
Soluçavas também e a tua mão bendita, Nos enxugando o pranto, o transformava em calma.
Teu seio, ó minha mãe, era a corrente mansa, Sempre serena e doce em seu gemer eterno, Onde boiava, a rir, noss’alma de criança No mimoso batel do coração materno.
Como era bom dormir na curva de teu braço, Sonhando adormecer ouvindo-te cantar...
Como era bom dormir, ó mãe , em teu regaço, Dourando-nos o sono a luz de teu olhar!
Angicos - 1896