Mãe penitente
"Ouve-me, pois!... Eu fui uma perdida;
Foi este o meu destino, a minha sorte...
Por esse crime é que hoje perco a vida, Mas dele em breve há de salvar-me a morte!
"E minh'alma, bem vês, que não se irrita, Antes bendiz estes mandões ferozes.
Eu seria talvez por ti maldita, Filho! sem o batismo dos algozes!
"Porque eu pequei... e do pecado escuro Tu foste o fruto cândido, inocente, — Borboleta, que sai do — lodo impuro...
— Rosa, que sai de — pútrida semente!
"Filho! Bem vês... fiz o maior dos crimes — Criei um ente para a dor e a fome!
Do teu berço escrevi nos brancos vimes O nome de bastardo — impuro nome.
"Por isso agora tua mãe te implora E a teus pés de joelhos se debruça.
Perdoa à triste — que de angústia chora, Perdoa à mártir — que de dor soluça!
"Mas um gemido a meus ouvidos soa...
Que pranto é este que em meu seio rola?
Meu Deus, é o pranto seu que me perdoa...
Filho, obrigada pela tua esmola!"