Fragmento
O mundo é uma mentira, a glória - fumo, A morte - um beijo, e esta vida um sonho Pesado ou doce, que s'esvai na campa!
O homem nasce, cresce, alegre e crente Entra no mundo c'o sorrir nos lábios, Traz os perfumes que lhe dera o berço, Veste-se belo d'ilusões douradas, Canta, suspira, crê, sente esperanças, E um dia o vendaval do desengano Varre-lhe as flores do jardim da vida E nu das vestes que lhe dera o berço Treme de frio ao vento do infortúnio!
Depois - louco sublime - ele se engana, Tenta enganar-se p'ra curar as mágoas, Cria fantasmas na cabeça em fogo, De novo atira o seu batel nas ondas, Trabalha, luta e se afadiga embalde Até que a morte lhe desmancha os sonhos.
Pobre insensato - quer achar por força Pérola fina em lodaçal imundo!
- Menino louro que se cansa e mata Atrás da borboleta que travessa Nas moitas do mangal voa e se perde!...
Dezembro - 1858