Fefa
A D. Ignez Maria de Almeida
Engraçada e pequenina Eu imagino-a tão leve Como uma doce bonina, Uma açucena de neve.
No rosto, claro e risonho, Guarda a brancura de um véu;
Traz à mente um casto sonho, Um sonho vindo do Céu.
Chamam-n’a Fefa. É tão bela Como um sorriso sem fim, Mimosa como uma estrela E pura como um jasmim...
O nome não lhe vai bem, Outro melhor lhe cabia:
Àquela nívea cessem Deviam chamar Maria.
Parece do Céu. É linda Como um menino Jesus:
Não fala direito ainda Mas beija sorrindo a Cruz.
Às vezes, junta as mãozinhas E finge que vai rezar...
Eu penso nas andorinhas:
Quando se põe a rezar O lábio das criancinhas É um’asa a palpitar.
Meu Deus! quanta luz se encerra D’aquela vida no albor...
Protege, Jesus, na terra, O seio branco da flor.
A alma que tu lhe deste Guarda-a, Senhor, do martírio:
Derrama o orvalho celeste No coração d’este lírio!
Serra da Raiz, - Fevereiro de 1898.