De joelhos
A Maria da Glória Penna
Ajoelhada, ó minh’alma, abraçando o madeiro Em que morreu Jesus, o teu celeste amigo!
A seus pés acharás o pouso derradeiro, O derradeiro amparo, o derradeiro abrigo.
Ajoelha e soluça... A noite, mãe piedosa, Te aperta contra o seio e te ensina a rezar...
Balbucia a oração, pequenina e formosa, Das estrelas no céu e das ondas no Mar.
Ajoelha e soluça, implorando a alegria Que a saudade sem fim do coração te arranca, E a graça de viver, como a Virgem Maria, Eternamente pura, eternamente branca.
Ajoelha e repete a prece imaculada Que aprendeste a rezar no tempo de criança;
Deixa a prece subir como uma ária encantada Se evolando da terra ao País da Esperança.
Ajoelha e soluça... A dúvida, que importa?
Ninguém poderá rir ante uma dor tamanha...
Todos beijam a Cruz, toda a descrença é morta Quando se chega ao pé da sagrada montanha.
De joelhos, minh’alma, ao pé do lenho santo Em que sofre Jesus a derradeira pena!
Deixa cair-lhe aos pés em gotas o teu pranto...
Que as enxugue no Céu a doce Madalena!
Ajoelha e soluça, implorando a alegria Que a saudade sem fim do coração te arranca, E a graça de viver, como a Virgem Maria, Eternamente pura, eternamente branca...
Serra da Raiz - 2 - 1898.