Crepúsculo
A Julia Lyra
Há pelo Espaço um ciciar dolente De prece, em torno da Igrejinha em ruína...
O Angelus soa. Vagarosamente A noite desce, plácida e divina.
Ouço gemer meu coração doente Chorando a tarde, a noiva peregrina.
Há pelo Espaço um ciciar dolente De prece em torno da Igrejinha em ruína...
Pássaros voam compassadamente;
Treme no galho a rosa purpurina...
E eu sinto que a tristeza vem suspensa Sobre as asas da noite erma e sombria...
E que, n’essa hora de saudade imensa, Rindo e chorando desce ao coração:
Toda a doçura da melancolia, Todo o conforto da recordação.
Utinga - Novembro de 1898
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