Chorando
À alma santa de minha Mãe Fazia noite... A tristeza Tudo envolvia em seu véu;
Soluçava a Natureza, Caía orvalho do Céu.
E n’aquela noite assim, Tão tenebrosa e tão fria!
A minha mãe se partia Para o Céu azul sem fim.
Falou-me a chorar: filhinha, O vício do mundo aterra...
Tu’alma reúne à minha, Fujamos ambas da terra.
Beijou-me... e, qual sonho doce, Sua vida evaporou-se.
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Ó mãe! por que me deixaste No mundo sem teu amor?
Sou como o lírio sem haste Murchando triste inda em flor.
Podias ter-me levado Ao Céu contigo, divina...
Iria em teu seio amado:
Eu era tão pequenina!
Fiquei sozinha e perdida, Ó mãe! no mundo de abrolhos...
Na noite de minha vida Derrama a luz de teus olhos!
Quanta tristeza se encerra Do mundo no escuro véu!
Não quero morar na terra;
Contigo leva-me ao Céu!
Julho de 1897.