Cartas de Olinda e Alzira
Epístola I
Olinda a Alzira
Que estranha agitação não sinto n'alma Depois que te perdi, querida Alzira!
De meus olhos fugiu, sumiu-se o fogo, Que a tua companhia incendiava!
Por uma vez se foi minha alegria, Nem a mesma já sou, que outrora hei sido!
Minhas vistas ao céu lânguidas se erguem, E a mim própria pergunto d'onde venha Tão novo sentimento assoberbar-me?
Não se aquieta o coração no peito, Não cabe nele, e viva chama no íntimo Das entranhas ardente me devora, Sem que eu possa atinar a causa, a origem.
Aqueles passatempos que na infância Tão do peito queria, em ódio os tenho.
Das mesmas superioras a presença, Que d'antes para mim era indif'rente, Se me torna hoje dura, intolerável!
Aonde, aonde irão estes impulsos Precipitar a malfadada Olinda?
Será, querida Alzira, a tua ausência, Que me faz derramar tão agro pranto?
Debalde a largos passos solitária Vago sem norte: ignoro o que procuro;
Ah! Minha cara! Os males que tolero Expressá-los não posso, nem sofrê-los.