Bálsamo
Eu vi-a lacrimosa sobre as pedras Rojar-se essa mulher que a dor ferira!
A morte lhe roubara dum só golpe Marido e filho, encaneceu-lhe a fronte, E deixou-a sozinha e desgrenhada - Estátua da aflição aos pés dum túmulo! -
O esquálido coveiro p'ra dois corpos Ergueu a mesma enxada, e nessa noite A mesma cova os teve!
E a mãe chorava, E mais alto que o choro erguia as vozes!
........................
No entanto o sacerdote - fronte branca Pelo gelo dos anos - a seu lado Tentava consolá-la A mãe aflita Sublime desse belo desespero As vozes não lhe ouvia; a dor suprema Toldava-lhe a razão no duro trance.
"Oh! padre! - disse a pobre s'estorcendo Co'a voz cortada dos soluços d'alma -
"Onde o bálsamo, as falas d'esperança, "O alívio à minha dor?!"
Grave e solene, O padre não falou - mostrou-lhe o céu!
Rio - 1858