A senzala
Qual o veado, que buscou o aprisco, Balindo arisco, para a cerva corre...
ou como o pombo, que os arrulos solta, Se ao ninho volta, quando a tarde morre..., Assim, cantando a pastoril balada, Já na esplanada o lenhador chegou.
Para a cabana da gentil Maria Com que alegria a suspirar marchou!
Ei-la a casinha... tão pequena e bela!
Como é singela com seus brancos muros!
Que liso teto de sapé doirado!
Que ar engraçado! que perfumes puros!
Abre a janela para o campo verde, Que além se perde pelos cerros nus...
A testa enfeita da infantil choupana Verde liana de festões azuis.
É este o galho da rolinha brava, Aonde a escrava seu viver abriga...
Canta a jandaia sobre a curva rama E alegre chama sua dona amiga.
Aqui n'aurora, abandonando os ninhos, Os passarinhos vêm pedir-lhe pão;
Pousam-lhe alegres nos cabelos bastos, Nos seios castos, na pequena mão.
______________
Eis o painel encantado, Que eu quis pintar, mas não pude...
Lucas melhor o traçara Na canção suave e rude...
Vede que olhar, que sorriso S'expande no brônzeo rosto, Vendo o lar do seu amor...
Ai! Da luz do Paraíso Bate-lhe em cheio o fulgor.