A Maciel Pinheiro
L'ieu soit en aide au pieux pèlerin.
Bouchard
Partes amigo do teu antro de águias, Onde gerava um pensamento enorme, Tingindo as asas no levante rubro, Quando nos vales inda a sombra dorme...
Na fronte vasta, como um céu de idéias, Aonde os astros surgem mais e mais...
Quiseste a luz das boreais auroras...
Deus acompanhe o peregrino audaz.
Verás a terra da infeliz Moema, Bem como a Vênus se elevar das vagas;
Das serenatas ao luar dormida, Que o mar murmura nas douradas plagas.
Terra de glórias, de canções e brios, Esparta, Atenas, que não tem rivais...
Que, à voz da pátria, deixa a lira e ruge...
Deus acompanhe o peregrino audaz.
E quando o barco atravessar os mares, Quais pandas asas, desfraldando a vela, Há de surgir-t'esse gigante imenso, Que sobre os morros campeando vela...
Símb'lo de pedra, que o cinzel dos raios Talhou nos montes, que se alteiam mais...
Atlas com a forma do gigante povo...
Deus acompanhe o peregrino audaz.
Vai nas planícies dos infindos pampas Erguer a tenda do soldado vate...
Livre... bem livre a Marselhesa aos ecos Soltar bramindo no feroz combate...
E após do fumo das batalhas tinto Canta essa terra, canta os seus gerais, Onde os gaíchos sobre as éguas voam...
Deus acompanhe o peregrino audaz.
E nesse lago de poesia virgem, Quando bolares nas sutis espumas, Sacode estrofes, qual do rio a garça Pérolas solta das brilhantes plumas.
Pálido moço-como o bardo errante—
Teu barco voa na amplidão fugaz.
A nova Grécia quer um Byron novo...
Deus acompanhe o peregrino audaz.
E eu, cujo peito como u'a harpa homérica Ruge estridente do que é grande ao sopro, Saúdo o artista, que ao talhar a glória, Pega da espada, sem deixar o escopro.
Da caravana guarda a areia a pégada:
No chão da história o passo teu Lerás... Deus, que o Mazeppa nos estepes guia...
Deus acompanhe o peregrino audaz.