A Júlia
No teu olhar, cheio da luz chorosa Que envolve o Espaço quando a tarde expira, Bóia uma doce mágoa lacrimosa, Uma saudade indefinida gira.
E quando afirmes que não tem começo A dor sem fim que no teu seio existe Queres assim, eu muito bem conheço, Fazer-me crer que já nasceste triste.
E falas a sorrir: “Essa dolente Tristeza amarga que me empana o olhar É a vaga chorando eternamente Por não poder se separar do mar...”
E se te fito a umedecida boca E vejo rubro o lábio que sorri, Logo pergunto, num cismar de louca, À mente e ao coração, se és tu quem ri.
Pois é tão mansa a chama destes olhos Envoltos na carícia do sorriso, Que eu penso que teus cílios são abrolhos, Abrolhos rodeando um paraíso...
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