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A história de Seny - A caminhada

Paixão e aventura.
Embarque com ela pela vida!
Apenas que...
Foi estranho participar da cerimônia de casamento e comemoração do meu pai. Eu parecia estar ausente do corpo e presente só na aparência.
Somente quem me conhecia muito bem poderia notar a diferença.
Eu estava triste. Egocentricamente triste sentia-me intrusa. Denotava um sorriso para disfarçar meu descontentamento.
Até Anita, bem mais tarde eu descobriria que não só a aparência tinha mudado. Seu caráter também. Ela já não precisava da minha proteção e amizade e percebi logo que a vi tão alta e prepotente.
De alguma forma meu coração dizia que aquele era só o começo...
A mudança de toda trajetória!
Os encantos e desencontros dariam luz á uma nova história.
Dedico e agradeço o apoio á meu irmão de alma, Paulo, Suzi e á toda Família Naitzke.
Mãe Nê, sem você eu não estaria aqui e seria impossível.
Lillian Késia você é minha inspiração filha, kássia Gabriela e Ruan Lucas, ninguém poderia ter filhos mais maravilhosos. E...
Vocês estão dentro dela!
Prólogo O mundo difícil e seus dissabores, Quando um inimigo muda a história...
Amadurecendo e colhendo.
O fruto das escolhas.
Difícil? Talvez!
Maravilhoso? Com certeza tu veras que é isso!
Intrigante? Não há como não refletir.
Polemico? Tanto quanto um amor.
E....
Você vai descobrir que continua dentro dela!
Prepare-se e vamos:
À caminhada!
Dedicatória Única:
Obrigado Deus pelo dom maravilhoso.
Pelos fins e pelos meios.
Por brilhar criatividade e emanar força, graça, vida, veracidade!
Obrigado pelos editores, Obrigado por capacitar-me E...
Por abrir um jardim aos olhos dos leitores;
Onde estes são para Ti:
Preciosas, delicadas, Bem cuidadas...
São as mais raras flores!
A Ti, Oh Deus Eterno, toda honra.
Sylvia Senny Capitulo 01 _ Estou aflita. Será que Anita não vem?
_Calma. Hellen é madrinha, e já deve estar chegando. Você esta parecendo à noiva!
_È que estou com tanta saudade dela.
Apenas que ela me pareceu muito feliz desde que Tia Hellen adotou-a; disse-me que a casa delas é linda e tem um jardim maior que o do vovô.
Will sorriu instintivamente.
_ Riu do que?
_ Você esta vermelha, nem consegue disfarçar. Meu bem vou continuar o mesmo pai, ou melhor, vou pegar mais no seu pé. Você se tornou uma adolescente muito bonita e...
_E...
_ E tem um gênio memorável! Pensa que não vi quanto tempo você ficou on-line conversando com o Paulo?
_ Ah papai, ele ta tão longe, eu confesso que to morrendo de saudade.
_Seny! Só não vou me estressar porque estamos num cartório e é meu casamento. Não quero você envolvida seriamente com namoro.
Nem tão cedo. Você tem que terminar os estudos e fazer planos para se estabelecer.
_Ai. Ai. Sermão hoje não combina, não é pai? Relaxa.
_ Depois da minha lua de mel, eu monitoro você.
_Não duvido Sr. Will.
Assim comecei a disfarçar o ciúme e o medo de perder a atenção de papai, Dr. Carlos Will.
Hellen chegou vestida simples e elegantemente, uma madrinha perfeita no coração e no traje. Anita estava mais falante que nunca. E que surpresa! Ela estava mais alta, até aparentava mais idade, qualquer um lhe daria mais de quinze anos. Traços delicados na pele clara e o louro natural dos cabelos com corte arredondado beirando o queixo.
De fato se tornara uma jovem muito bonita.
Ana E Rodrigo, os melhores amigos do colégio também foram convidados.
Eu estava de pé conversando com Ana e apresentando-a á Anita quando uma das "amigas" de Márcia esbarrou em mim e derrubou taça com coquetel.
_Desculpe senhorita!
_Oh, não foi nada.
Márcia estava próxima á mim recebendo os comprimentos.
_Ate que enfim Márcia, nossa você esta linda! Mas não vi a garotinha que você vai ter que aturar daqui pra frente. Cadê o "patinho feio” do Dr. Will.
Bem eu não pensei duas vezes, com o copo de coquetel que eu tinha nas mãos eu arremessei no vestido prata da pirua.
_ Ai, moça, você não viu o que fez? Que horror?
_ Oh, “Sorry”, Senhora. Muito prazer. Sou o patinho feio de Will!
A bruxa amarelou, avermelhou, simulou um piripaque e ainda acrescentou:
_ Coitada da Márcia! Não vai ser fácil.
Márcia tentava remedia de ambos os lados.
Eu queria sumir sair correndo, me senti rejeitada, horrível. Mas meu orgulho era maior.
Alguns médicos amigos do papai compareceram á cerimônia, papai parecia muito feliz. Fitou-me de longe ao ver-me vermelha, fez um sinal com a mão.
Cheguei-me ate o ciclo da medicina. Papai segurou minhas mãos e apresentou-me á seus amigos, alguns eu já conhecia, como o neurologista Dr.Rubens.
_ Essa é minha jóia mais linda, minha filha Seny.
_ Linda mesmo, Will! Que moça deslumbrante. Prepare-se para ocupar de candidatos o sofá da sua casa.
_ Nem brinca! Eu viro uma fera! Minha princesa ainda é muito nova!
kA. kA.
A turma riu muito, e começaram a querer deixar papai nervoso de ciúme.
_ Chie, vai dizer que na idade dela você não namorava?
_ Muita graça, vocês não tem filhas? Vão ter, estão na chuva, vão ver só.
Papai me abraçou forte, de longe ele viu o ocorrido com a tal "amiga", percebeu que me sentia insegura, Dr. Rubens pareceu desconfiar também.
_ Essa é minha mocinha! E não abro mão dela! Não é querida?
E deu-me um beijinho no rosto.
_Você esta bem, Seny? Não esta com ciúme do papai também?
_ Estou bem Dr. Rubens, mas... Com um pouquinho de ciúme sim.
Mas eu vou dividir o papai porque assim ele me deixa namorar.
_ Viu, Will!
Os amigos de papai riram até.
Papai ficou rubro.
_Ah nada disso! Pensa que vou largar seu pé é? Mocinha! Mocinha!
E abraçou-me de novo.
Dei um tempinho e voltei a conversar com Ana, Anita, e surpresa vi Rodrigo paquerando Amanda. Amanda, filha do Dr.Robert. Lembram?
Vi que Ana ficou sem graça, ela tinha uma quedinha por Rodrigo, mas eram muito amigos.
Assim a comemoração foi cheia de "lendas"
e reações que renderam muito!
A cerimônia do casamento de Will e Márcia foi breve, porém maravilhosamente mágica.
Parecia que o amor emanava do casal para os demais convidados.
Receberam os cumprimentos e seguiram para o salão de festas para a reservada recepção aos convidados e amigos mais íntimos.
Amanda tinha cara de quem queria aprontar alguma.
Oh maravilhosa adolescência!
Eu?
Eu tava confusa entre a felicidade de meu pai e o ciúme que sentia de Márcia. Procurei esquivar-me de todos, tentava dar um ar de que estava tudo bem até que...
-Olá, lembra de mim, Seny?
- Desculpe, não lembro.
- Dra. Aracy, eu dava palestras no Instituto Lilovisk!
-Oh, Claro! Tudo bom? A senhora esta diferente!
- Você também me parece mais madura e mais bonita!
- Obrigada.
- Bem estou feliz por você. Ah, e também pela Anita.
- È verdade, ela nem parece à mesma.
- È normal. Ela esta sobre o encantamento do milagre da adoção. Sim porque uma adoção na idade dela é por milagre!
- Não tinha pensado por esse angulo.
Fomos interrompidas por Kassia Levy.
- Ola Dra.Como vai Seny?Vim dar um alo á vocês.
- Claro.
- Fizemos uma homenagem em vídeo para os noivos, vão colocar na sala posterior em 15 minutos.
- Que legal!
- Qual o conteúdo, Tia Kassia?
- Bem, Seny, são fotos, montagens e até filmagens do tempo em que Márcia e Will se conheceram. Isso quer dizer: um clipe de anos atrás com fundo musical e auto-mensagem. Muito bem bolado. Robert que teve a idéia.
- Que interessante!!
Bem o clipe emocionou á todos, até eu chorei. “Mas, me senti estranhamente sobrando”.
Sentia-me cada vez mais intrusa. E me deu uma vontade enorme de sumir dali.
Fui salva pelo sorriso maroto de Amanda, querendo me mostrar uma arte que ela estava prestes a fazer.
Tinha uma jovem senhora muito elegante, porém com nariz empinaderrímo, trabalhava na empresa de design com a Márcia.
Amanda pegou uma taça cheia de vinho conversando comigo disfarçadamente. Quando chegou perto da Senhora empinada, ela fingiu que tropeçou em mim e... Jaz! O vinho deslizou certeiro no vestido acetinado da dama. Esta por sua vez teve um chilique fino.
- Amanda, você é demais!
- Ah, Seny, você precisava rir.
- Foi cruel mais valeu!
-Muito bom moçinhas!
Kassia Levy aproximou-se de nós e nem percebemos que ela vira a cena de longe e ouviu toda a conversa recente.
- Vamos conversar viu Amanda! E você também Seny! Que molecagem!
- Calma tia Kassia. Foi sem querer.
Amanda tentava fugir do flagrante.
- Ah é? Olha o semblante do seu pai fitando as duas, ali do lado do noivo!
Ai! Ai! Dr. Robert vira tudo e a cara era de:
Conversamos mais tarde!
-Seny, já que você não quer ficar nestes dias, no qual seu pai estará em viagem de núpcias com seus avós; você vai lá pra casa com Amanda. Assim fico de olho nas duas e Will e viaja mais tranqüilo!
- Ih, Seny! Vou adorar, mas, a tia Kassia pega no pé pior do que meu pai!
- Tudo bem, vai ser um bom desafio.
- Ah, Seny, você sempre foi mais centrada que Amanda, não vai desandar hein.
- Pode deixar Tia Kassia!
Rimos deliberadamente.
Bem meu astral até melhorou depois da arte de Amanda. Meu pai fitava-me com o olhar preocupado.
Mas, eu tinha que superar àquelas horas tão doloridas pra mim.
Eu não conseguia deixar de pensar que minha mãe deveria ter sonhado muito em casarse com papai e esse pensamento me ardia à alma.
- Seny tudo bem com você?
- O..Olá Má. Sim tudo bem. Tudo ótimo.
Melhor seria impossível!
Eu disse em tom de sarcasmo mesmo.
- Eu queria muito que você estivesse feliz também. Estaria completa esta noite se você estivesse bem.
- Márcia não precisa sentir-se assim. Afinal é egoísta de minha parte ir contra a legalização da sua união com papai. Porém, não consigo deixar de ter uma fresta de ciúme e um longo fio de egoísmo. Sou bem franca. Mas isso passa ou não passe nunca. Sei lá. Vai curtir sua festa! Hoje o dia é seu! Depois você se preocupa comigo!
- Ah.. Seny! Ainda com esse ar de adulto e de revolta.
- Não é revolta. È dengo mesmo. È capricho de gente mimada.
Disfarcei com um sorriso de soslaio.
Márcia também riu, assim, o ar ficou mais aliviado e ela sentiu-se menos "madrasta".
Na hora de ir para o aeroporto, meu coração tava em pedaços. Parecia uma longa despedida.
Jogaram o tradicional arroz nos noivos á saída do salão.
Papai ficou meio sem jeito ao aproximar-se de mim.
- Oh! Minha princesa! Que carinha desolada.
Assim me parte o coração.
Numa só frase, quantas lembranças, sobrevieram. Quanto medo, quanta angustia. E
se ele não voltasse? Não agüentei. Mais uma vez a armadura remendada caiu e eu chorei.
- Ah Pai, eu vou sentir muito sua falta!
Abracei meu pai, como se fosse o primeiro e ultimo abraço. Não contive mais o desconsolo.
Borrou maquiagem e papai quase que não viaja de tão preocupado que ficou. Dr.Robert que eu já considerava como tio e Dr.Rubens, meu neurologista e amigo; ajudaram a tranqüilizar meu pai. Ele acabou concordando que eu ficasse com Tio Robert e Amanda, já que Kassia estava de ferias e podia fazer-nos companhia.
Finamente viajou em lua de mel por longos dez dias e eu e Amanda, quem sabe seriamos enfim: amigas!
Capitulo 02 No dia seguinte, Amanda encarregou-se de me animar e decidimos ir á um baile juntas.
Já que não tínhamos permissão, porque o Tio Robert não queria deixar, demos uma desculpa para Kassia, aproveitando-nos da ausência dele e fomos.
O baile começava ás 18h00min, mas virava a madrugada.
Amanda me apresentou alguns amigos e entre eles, Olavo.
Fomos conversando, dançando e esquecemos da hora. Tanto barulho e euforia. .
Eu ate esqueci do ciúme da e saudade que já estava sentindo do implacável Dr.Will.
Maior farra....
_Ah seny, toma um pouquinho.
_Veja lá, Amanda o que é isso ai?
- È só um coquetel, tem pouco álcool.
Bem no embalo fomos.
Vários drinks e a festa; seguiram bumbando.
Duas da manha, a carruagem vira abóbora!
O celular de Amanda toca. Tio Robert tava uma fera! Até pro vovô já tinha ligado.
_Ai, seny, e agora o papai ta vindo buscarnos.
Nunca tinha visto Amanda com tanto medo, Tio Robert nunca tinha dado nenhum puxão de orelha nela. Eu... Achei divertidíssimo, já tava quase bêbada nem ai.
- Nem liga Amanda, vamos pegar um táxi, assim ele desencontra da gente e vamos dormir antes dele chegar de volta.
E assim fizemos.
Kassia Levy passou-nos o “sermão da montanha”. Mas acoitou nós irmos direto pro quarto e nos trancarmos.
- Acho bom mesmo vocês se trancarem no quarto, nunca vi seu pai tão nervoso Amanda, e você Seny, Will iria torcê-la, se a visse embriagada. Já pro quarto as duas! Antes que Robert ligue ou volte!
Nós subimos correndo as escadas.
Trancamos o quarto.
Ai. Ai. Ai. A cabeça doía e corri para o banheiro do quarto e vomitei. Depois eu particularmente dormi tão rápido que nem sei se Tio Robert tentou chamar-nos ou arrombar a porta.
O legal foi ver Amanda com medo do pai dela. Era uma forma de me gabar. Onde esta a destemida Amanda do orfanato? Bem, ainda acordei as 05h00min da muito enjoada e vomitei de novo!
Que eca! Por que as pessoas ficam de pileque? Depois a gente fica horrível.
Acabei de acordar e to com muita saudade do autocontrole do Dr. Will. Pensei que não, mas, meu ciúme de Márcia ta aumentando e a idéia deles terem um filho ta começando a me revoltar.
Vou esperar pra ver no que dá. E também no que vai dar com Tio Robert, porque acabei de acordar e Amanda nem esta no quarto.
Estou enjoada ainda e a cabeça esta doendo.
A Caminhada...
- Seny, meu pai esta a chamando.
- Nossa que cara Amanda! Por que esta chorando?
- É melhor você descer, assim vai saber.
- Ah, não vou não! Ainda to morrendo de sono. Minha cabeça ta doendo.
- Você que sabe. Sei pai ligou.
- E ele não quis falar comigo? Ai, mas, fala baixo, “please”.
- Quis, mas você estava dormido e já é meio dia. Meu pai teve que contar sobre ontem.
Seny, talvez seu pai volte antes da lua mel.
- Ai. Agora é que não desço mesmo! Nossa tudo era é um eco no meu cérebro. Ah, Amandinha fala baixo, estou horrível!
Amanda desceu desdenhando da ressaca da prima.
Seny ficou no quarto. Sentiu um pouco de remorso por ver Amanda "encrencada", mas a teimosia do passado ainda era sua marca registrada, e os enjôos deixavam-a tonta.
Dr. Robert subiu ao quarto como um furacão quando soube que a jovem rebelde ousava ainda não descer.
- Seny!
- Ah, Tio Robert! Por que contou para o meu pai. Mas, fala baixo, titio.
- Porque eu precisava de uma autorização dele.
- Autorização pra que? Ai. Tem um sino na minha cabeça!
- Levante-se e não vou mandar de novo.
Seny levantou sem nem imaginar o que viria. Tio Robert ou Dr. Robert era muito calmo.
Nunca vira ele nem gritar com Amanda e era muito amoroso e compassivo também.
- Ta bem. Puxa Tio Robert, não precisa ficar tão bravo. Só foi... Ai!
Quando Seny ia continuar a frase, já estando de pé, Dr. Robert tira do pé direito seu chinelo de couro e da umas boas chineladas em Seny. Ela ficou tão surpresa que chorou mais de vergonha que de ter doido alguma coisa.
- Você e Amanda estão de castigo por tempo indeterminado, seu avô ia vir buscá-la, mas eu decidi que seria bom pra Amanda conviver com a filha teimosa de Will. E que coisa não mocinha! Ficar alcoolizada!
E não adianta me olhar como se eu fosse o monstro do calabouço. Não vou ficar com remorso. Vocês ultrapassaram o limite.
Seny fitava-o, entre estar com raiva e vergonha a decepção era maior. Sempre achou Dr. Robert bonzinho, nunca imaginou que ele daria umas tapas nem em Amanda, quanto mais nela. Que decepção! E ainda o enjôo persistia.
Dr. Robert estava mais chateado agora de remorso de ver a carinha de pavor de Amanda, quando ele bateu nela e o quanto ela ficou mal. E
também agora de perceber nos olhos de Seny, o tamanho da decepção. O mesmo Tio Robert que a livrara dos castigos, quando ainda menina, agora era o mesmo que a castigava. Ele sabia que tinha que ter sido tão duro quanto foi. Mas seu coração era mais mole que as lagrimas delas.
Sua vontade era colocá-las no colo e pedir perdão. Mas...
Com essa dupla, todo cuidado é pouco, porque Seny se tornaria uma pecinha mais rara que Amanda. Seny era tão teimosa quanto audaciosa e bota intransigência nessa tempestuosa adolescência.
As duas ficaram enfornadas no quarto, uma sem falar com a outra. As duas estavam chateadas e com vergonha e ela chorou quase a tarde toda. Um rio de lágrimas, puro capricho!
Eu poderia cantar a dor de Seny: A saudade do pai, a vontade de chamar a atenção, o medo de perder o carinho que conquistou crescia; e não crescia a segurança que deveria numa inata "flor de lótus".
Ela compunha na alma, já que o diário estava em casa.
Tinha na menina maluquinha:
Um traço de graça Um traço de duvida...
Singela pirraça.
Carência translúcida.
Tinha um brilho no olhar, Explosão de sentidos...
Mas sabia apagar A marca das tribos.
Sempre irá brilhar A esperança que tem, Aprendeu de novo amar.
Diz-me: quando vens?
Hoje ela foi embora Sorriu tão serena, Nem se despediu...
Contou só que ia pros livros, Pois de novo coração cativo, Aprisionou o mundo hostil.
Adeus, linda maluquinha, Já não és tão minha...
Nem és de ninguém.
Eras um quadro pintado, Mas em ti derramado Meu sonho esvaiu...
Indo tão bela e sem graça Já não és "malcriada"
Sua dor ninguém viu.
E quem eras tu?
Eras apenas "Chayil"
Doía tanto o peito, doía mais a alma, já não doía a palmada de Tio Robert, e sim a imensa saudade... Saudade do seu pai, do mundo que conquistou com lágrimas. Mas a saudade mais gritante era a saudade de Paul. Paul? Paulo? Sim, Paulo! Quem dera ter dado-lhe o primeiro beijo, saudade de um amor tão futuro.
Com o tempo os e-mails de Paulo ficaram escassos. Os recados na pagina da internet; eram resumidos á um: ola ou: como estas?
No Messenger quase nunca estava on-line.
Acho que ele ia esquecendo-se da doce menina que conheceu no colégio. Tantos meses passaram-se, novos amigos de faculdade, outro lugar, novos amigos e amigas. Amigas! Ai dor!
O inusitado coração de Seny. Como desejava ouvir ao menos a voz de Paulo. Em seu peito gritava por um milagre.
E Dr. Robert, preocupava-se com a tristeza que ela demonstrará tão nitidamente com o passar dos dias.
- Vamos menina! Animo! Você nem parece um adolescente em pleno vôo.
- Ah Tio Robert. Estou sem animo!
- Isso é saudade do papai ou do namorado?
- Dos dois! Dos dois, Tio Robert!
- Seny!Você esta ficando muito saidinha!
Ainda me lembro do episódio de “A Escada”, quando seu pai lhe deu a primeira palmada no internato. Você pensa que já cresceu bastante “my daughter”? Mais esta enganada. A vida mal começou para você!
- Ai, Tio Robert. Parece que você acredita em Papai Noel! Depois: não esquenta, amanha o “Senhor GPS”, ou seja: meu pai, já estará de volta ao doce lar!
- Querida espero não ser rude, mas, tenho que agradecer por Amanda não ser tão “alta tensão” como você é!
- Sei! Ra.ra. Você pensa que conhece sua filha! Esquece que não esta ao lado dela vinte e quatro horas por dia. Não julgue, titio, antes do “Retorno de Jedi”.
- O que quer dizer?
- Calma Dr.Não vou dedurar minha amiga.
E sinceramente tio, vocês pais esquecem que foram adolescentes e do poder de criatividade que temos. Já por esta questão não precisamos de atribuição.
Fiquei um pouco brava com Tio Robert. Que pretensão à dele! Bom... Mas, no intimo eu sei que ele está certo. E contrariar é meu habito expedidor de adrenalina mística!
- Hei. Prima avariada!
- Que é agora, Amanda?
- Você ta me ferrando com meu pai? È impressão minha?
- Relaxa Amanda. Só coloquei mais uma trema na tranqüilidade dele!
- Não entendi!
Sínica e pedantemente, a moça soltou uma gargalhada.
- Oh, Amanda! Onde aperta esse parafuso louro?!
- Ah. Não encrespa comigo não!Sou mais velha que você.
- E mais lerda também.
-Olha priminha precoce, você esta abusando.
- Releve querida! Vai sentir minha falta.
- Pior que vou mesmo. Seny vê se não some. Conta-me e o Paulo, deu noticias?
- Só um e-mail vago. Parece que eu sempre escolho tudo que é mais complicado.
- Seny, você já nasceu com este titulo.
Amanda olhou-a solenemente e...
As duas riram muito e pra certa cousa foi muito bom à travessura do baile. A ocasião transformou as ex-companheiras de internato em cúmplices e amigas. Ao passo que a memorável Anita que sabia santo sobre a vida de Seny, recuava seu caminho em relação ao passado e a ex-protetora azul.
Ninguém entendia, mas ficara evidente o distanciamento de Anita e a aproximação de Amanda era perceptível á todos.
Seguindo a Canção A volta de Will foi uma festa para Seny e um tremendo, alivio para o amigo Robert.
Na primeira semana Will fez questão de dar atenção e carinho integral para sua jóia bruta.
Apesar de passar-lhe um bom sermão devido à travessura do baile.
Will estava com tanta saudade da filha que ralhar com ela não seria a melhor opção e nem o momento oportuno.
Márcia se concentrava em driblar o ciúme e a provocação constante da tão recente enteada.
Ficava na defensiva. Receava que a qualquer momento pudesse perder a paciência e temia a reação de Will. Agora se encontrava na corda bamba, mas, tinha esperança que Seny voltaria a ser a doce menina ilustrada.
Seny tentava apagar a saudade e o amor “aborrecente” que vinha crescendo no seu coração que palpitava por Paulo. Prendeu-se na carência que tinha do pai e fez jus à expressão que deu origem á seu nome: seni seviyorum.
No entanto quanto mais sua mente queria colocar a palavra: pai, no final da expressão, seu subconsciente substituía por: Paulo. Assim nossa menina ia dando luz aos traços de mulher.
Um botãozinho virou flor, Numa dança inexata, Não é primavera e desabrochou.
Linda, exuberante, rosa-prata.
Cabe no peito uma canção de amor, Um cordão de ouro. És mui grata!
Mulher linda... Mulher virtuosa.
Soletrada em versos, Escrita em prosa...
Sentença maravilhosa.
Odor de rosa que se abril:
Amada, valente. ...
Inesperadamente: “Chayil”.
Capitulo 03 O toque insistente do telefone traz nossos personagens ao refugio cotidiano do apartamento de Will.
- Ninguém vai atender? Estou na cozinha.
-Certo. Eu mesmo atendo.
- Pronto.
- Alô? Oi tia Márcia. Tudo bom?Deixa-me falar com Seny.
- Oh. Boa noite mocinha. Vocês duas estão tão cheias de segredinhos. Tudo bem com você?
E Kassia como esta?Robert ainda esta em congresso?
- Sim. Ele esta bem. Kassia esta aqui. Tia Márcia é urgente. Chame a Seny.
- Calma menina! Ela está no quarto com o som no ultimo volume, por isso nem ouviu o telefone tocar. Deve estar no universo on-line.
- Espere Tia. Ela esta conectada?
- Provavelmente. Faz horas que ela esta no piso superior do quarto dela. Por quê?
- Ai! Tarde demais. Oh, nada, não! A
senhora pode chamá-la?
- Claro! Espere na linha. Mas, cuidado com o trem!
Rindo Márcia bateu umas cinco vezes na porta do quarto, gritando Seny.
- Seny!Telefone. É Amanda.
Enfim, Will que estava no banho, saiu para ver o que era aquela barulheira toda.
Seny abriu a porta.
- Oi, Má. Pode falar. Eu não estava ouvindo.
- É Amanda ao telefone. Você estava chorando querida?
Will interpela irritadíssimo.
- Seny, o que foi? Não ouviu Márcia chamando?Quase derrubou a porta!Melhor você ouvir musica mais baixo quando decidir ficar trancada no quarto. E por que seus olhos estão desaguando um manancial?
- Nada não papai. Vou atender Amanda. Ou melhor, não vou! Márcia você pode apenas dizer a ela que eu vi o recado?
- Hum... Seny. Tudo bem, mas, se as duas brigaram, por que não conversar? Ela parece aflita ao telefone. Agora entendo porque ela esta tão nervosa.
- Não Má. Nós... Eu não. Não brigamos.
Olha, por favor, deixem-me um pouco!
Correndo para dentro do quarto e atirou-se sob a cama! Chorou... Chorou... Chorou. Parecia a única coisa que a consolava.
Will e Márcia ficaram pasmados e, Opa!
Lembraram de Amanda no telefone.
- Deixa que eu fale com ela Márcia.
- Amanda por que Seny esta aos berros no quarto e rubra de tanto chorar? O que aprontaram?
O tom do Super pai não era amigável.
Mesmo assim, Amanda mantém a fidelidade á sua nova velho-amiga.
- Tio Will, não ocorreu nada e eu não sei o motivo que ela esta chorando.
- Ah, é! Ela disse que leu seu recado e que ligará para você. Que recado é este? Exijo que me fale agora!
- Desculpe Dr.Will. Isso só diz respeito á Seny e se ela não disse, eu não vou dizer. Se o senhor puder diga-lhe que ela pode contar comigo. Ela vai entender.
- Essa é boa! Esta bem, mocinha! Umas palmadas acabam com segredinhos já, já.
- Boa noite, Tio Will!
Amanda tratou de desligar o telefone antes que falasse demais.
Que destino cruel com Seny. Novamente a vida brinca com seu coração.
A dor poda o caráter. Certamente os valores da “pobre menina rica”, jamais compreenderiam tal descompasso das notas. Tal desmantelo do ritmo, tal ranhura nos ouvidos da sua alma pura;
ainda imensamente criança.
A decepção Confiança é um tesouro raro.
E doado gratuitamente.
É conservado em odre caro...
É revelado instantaneamente, Levemente amenizado.
Mas quando quebrado o odre...
Perde-se todo o perfume raro!
Que malvado o desperdício:
De quem perde a confiança alheia.
Pois, magoa o peito inocente.
E na alma a dor incendeia!
Will queria bater em Seny, detestava vê-la assim por causa de algum garoto e se ela estava sofrendo era porque o tal não a merecia.
- Ah Márcia, como eu queria saber quem é esse mal fadado que a deixou assim!
- Será que você realmente não deduz querido?
- Claro como não! O tal Paulo! Mesmo de longe, ele a faz sofrer. Parece um castigo pra mim.
- Que isso querido, isso são coisas da adolescência, você não pode projetar os sentimentos dela ou privá-la desse primeiro amor.
È como a frase na agenda?
- Exatamente como esta frase: “um primeiro amor pode até passar, mas nunca deixará de existir” (autor desconhecido).
- Céus! Não posso deixar de me preocupar com ela e nem de ter um pouco de ciúme, gostaria eu ela confiasse em mim para contar seus problemas e não ficasse de segredinhos com a Amanda. E depois demorei tanto tempo para reaver minha menina e agora já querem tirar seu coraçãozinho de mim!
- Will! Will! Você é mais infantil que ela!
Quanto egoísmo! Você realmente contaria isso á seu pai se fosse ela? Só você mesmo!
- Hora Má!Que pergunta! Ah, desisto!
Mulheres sempre vão ser leais incondicionalmente, por isso nem tente me convencer! E vou querer saber o que esta de fato ocorrendo.
- Senhor Will! Acho melhor deixar que Seny queira contar! Não tire a privacidade dela. Agindo como um general acha que vai conseguir a confiança de sua filha?
- Disse bem, minha filha! E vou fazer o que acho certo!
- Grata, por me excluir, Dr. Arrogância e você sempre faz o que quer mesmo!
- Ah!
Esse foi a primeira desavença entre os recém casados.
Márcia ficou um tanto magoada por Will frisar que Seny era “sua filha”. A tempestade estava apenas apontando as nuvens.
- Moçinha, quero saber que recado é esse e porque você esta se desmanchando em lágrimas!
E quero saber agora!
Will entrou no quarto da pequena porcelana desafeiçoada já aos berros.
- Não é nada, papai! Deixe-me quieta!
- O que? Acho que uma boa surra resolve isso já! Já disse que eu quero saber e agora!
Will gritava. Márcia em pé no rol de entrada lutava consigo pra não explodir com a prepotência do esposo.
- Então bate se achar que deve. Porém não vou falar nada.
Seny desafiou o pai sem nem perceber, agora decepção e revolta a estavam movendo e ela estava prestes a invocar o primeiro trovão da tempestade.
O super-pai perplexo não sabia que atitude tomar a reação de revolta o assustara muito e ficou desarmado, porém a sensação de perdê-la deixou Will num descontrolado frenesi.
- Seny! Você esta desafiando seu pai, por causa de algum moleque irresponsável, assim como você?
- Paulo não é um moleque e muito menos irresponsável! E eu o amo!
Foi uma pancada na cabeça daquele pai preocupado. Pancada que deu início á tempestade! Will nem titubeou, respondeu ao grito desafiante da filha com uma tapa no rosto da meiga menina. Tapa que doeu mais no coração que na pele. E deixou a marca dos dedos no seu rosto pálido e agora inchado. Ela tremula e com súbito pavor, gritou por Márcia.
- Má! Márcia!Márcia!Mãe!
Márcia foi tão rápida e precisa quanto o brilho do raio. Segurou a mão de Will que se erguera pela segunda vez, descontrolado.
- Will! Esta maluco? Calma! Por favor!
- Vou sair antes que eu perca a cabeça.
- Já perdeu Will. Não percebeu?
- Esta bem. Fique com essa rebelde eu vou dar uma volta.
- É melhor mesmo!
A menina duplamente marcada, ou podemos dizer quatro vezes mais decepcionada correu para os braços da madrasta que acabou de chamar de mãe. Ali chorou toda sua dor abraçada com a bela madrasta.
Sentaram-se na cama, Seny ainda em choque não queria acreditar no pesadelo que estava vivendo. Passando as mãos pelo rosto sentia a marca do machismo gratuito do pai.
Estava tão assustada que quase adentrara em pânico.
- Por que, Má? Por quê?
- Minha menina, sabe é difícil; mas tente compreende-lo, foi preocupação excessiva. E
desespero também. Medo de perder seu amor. È muito complicado. Ele deve estar tão decepcionado com atitude que tomou e tão assustado quanto você. Acredite em mim!
- Má. Mãe! Posso chamar você assim? Como pode uma pessoa gostar da gente e só machucar.
Não entendo isso!Não entendo nada!
-Calma querida!Tem coisas que não entendemos simplesmente elas não tem explicação. Quanto a chamar-me de mãe, eu me sinto honrada. Claro que pode e deve chamar-me assim, pois, é o que quero ser pra você!
- Sabe, não é só o papai que me feriu.
- Eu sei sim, quer falar comigo sobre isso?
-Quero sim!
Entre lágrimas e gritos de frustração, iniciou-se a dolorosa narrativa da traição que sofrera por aquela amiga que era sua protegida no orfanato.
- Filha, mas como Anita obteve o telefone e o e-mail do Paulo?
- O e-mail ela pegou na minha pagina ma internet e o telefone ele mesmo deve ter dado á ela. Nem eu tenho o telefone fixo da republica onde ele esta. Só tenho o celular e até isso ele deu pra ela.
- E como você soube?
- Eu vi um recado que ele deixou pra ela, na pagina dela na WEB. Estava marcando um encontro no cinema. Isso é monstruoso!Eu não mereço!
- Meu Deus! E seu pai nem sonha o motivo que a deixou manhosa e descontrolada. Ah Seny1Sinto muito. Perdoe-o querida, ele vai querer morrer quando souber.
- Não! Má, você não vai contar. Eu não quero que ele saiba. Ele não confiou em mim.
- Esta bem, vai respeitar seu desejo. Mas acho que ele devia saber. Isso o faria pensar a agressão que fez á você com atitudes e á mim com palavras.
- Puxa mãe! E eu sendo tão malcriada com você. Perdoe-me Márcia.
- Isso é o de menos mocinha. Olhe comigo o lado positivo do ocorrido.
- Qual?
- Agora sim, ganhei um alinda filha, que eu amo muito e que confia em mim e poso confiar nela.
- É. Você sabe o que significa pra mim, chamá-la assim?
- Sei. Sei o quanto você ama sua mãe, mesmo sem a ter conhecido.
- Obrigado Má. Obrigado por estar aqui!
- Calma filha.
Seny estava mais aliviada em ter compartilhado com Márcia sua decepção com Anita, mas a dor da confiança traída e da bofetada do pai prepotente, a faziam entrar em pânico. Chorou tanto que adormeceu com a cabeça no colo de Márcia. Ficou com olhos inchados de tanto chorar e antes e adormecer Márcia deve que acalmá-la muitas vezes. Ela tremia e descontrolava-se como se fosse ter um surto. Márcia temeu muito que o estado emocional de Seny realmente se agravasse de novo.
Will deu uma volta a pé pelo bairro. Tentou desligar-se do erro que cometeu ao bater descontrolado na sua jóia rara. Voltou desolado para casa. Encontrou Márcia ainda sentada na cama com Seny semi-adormecida em seu colo.
- Como ela esta?
- Não vou mentir, ela esta muito abalada Will. Temo que seu estado emocional piore como dantes. Graças a Deus ela dormiu.
- Me perdoe Márcia. Sou um tolo! Desculpe ter magoado as duas.
- Will, por mim, tudo bem. Mas não insinue mais que ela é só sua filha, sabe que a amo como se a tivesse gerado. E quanto á ela, depois com calma tente explicar-se. Conversar sempre faz bem e ela precisa mais de você do que imagina.
- Querida, acho que ela nunca vai perdoarme. Eu bati em seu rosto e nem sei como fui me descontrolar daquele jeito. Não respeitei sua individualidade, mas para mim é difícil separar as coisas. Sou pai dela, não quero vê-la sofrer. Sei que errei, não sei como lidar com ela.
- Um dia terá que aprender. Ela esta muito fragilizada e acredite-a, tem motivos de sobra pra isso e você deu-a mais um. Não acho correto revelar pra você o “tal recado”. Deixe que ela mesma lhe conte. O que preocupa mais agora é sua saúde. Não sou médica, no entanto ficou nítido que ela quase entrou em choque e por muito pouco não teve uma crise.
- Meu Deus! Tomara que ela durma um pouco, quem sabe acorde mais calma. Deixe-me ajudá-la a acomodar a cabecinha dela no travesseiro.
- Pronto.
O bebe de porcelana caiu num profundo sono. Parecia não querer mesmo acordar, parecia querer fugir da realidade o Maximo que pudesse mesmo inconscientemente.
Só instinto emocional?
Beirava a meia-noite quando Will e Márcia ouviram um grito no quarto de Seny. Levantando abruptamente correram para auxiliar a moça.
- Ai!Ai! Que dor!
- Seny! O que você tem filha?
- Minha cabeça pai! Minha cabeça ta doendo muito! Ai!
A menina gritava com as mãos na cabeça.
Márcia abraçou-a tentando acalmá-la.
Will deu-lhe um analgésico e relaxante muscular via oral. E quando ela aparentava estar mais calma, mais ainda despertavam reflexos de dor, o medico contido no pai, aplicou-lhe uma injeção com medicação adequada para prevenir uma possível crise.
Passava das duas da madrugada até que Seny dormiu profundamente. Então seus pais também foram dormir. Muito preocupados e pesarosos, tentavam driblar a preocupação e descansar a mente.
Marcas da tempestade Amanheceu chovendo na metrologia e na vida da família Will.
A inata adolescente ainda acordou reclamando de muita dor na cabeça, meio zonza não distinguia se foi um pesadelo ou se era realidade.
Seny levantou-se, foi ao banheiro ao olharse no espelho deu conta que não era sonho. Um lado do seu rosto estava inchado e com as marcas de dedos. Como ela era de pele clara e sensível, toda marca e qualquer hematoma se tornava mais nítido.
Márcia entrou no quarto para ver se ela estava bem.
- Filha? Já acordou?
- Estou aqui mãe.
A entenebrecida alma de Seny, extravasava choro e sensibilidade excessiva.
- Querida não fique assim, não faça esse ar de revolta. Seu pai não teve intenção meu anjo.
- Será mamãe. Todo mundo ta contra mim!
Você também esta?
- Claro que não minha menina! Quero vê-la feliz, seja forte vença essa tempestade. Tenha força, tudo isso vai passar.
Enfim a tempestade trouxe de volta a doce menina que existia dentro de Seny. Ela abraçou Márcia e ficou quietinha deixando as lágrimas caírem. Percebeu então que Deus fora muito bom com ela; Deus lhe dera Márcia como amiga e mãe. Afinal sua jovem madrasta de “madrasta”
não tinha nada. Márcia era doce, meiga, tolerante e compreensiva.
Dr.Will pouco pregou os olhos à noite. Ligou para seu amigo Dr. Rubens e relatou a tensão emocional de Seny, ao que o neurologista o aconselhou a mantê-la em observação e procurar acalmá-la para que ela não viesse a cair em depressão. A preocupação de Will e a culpa estavam triplicadas.
Seny quase desmaiou quando Will entrou no quarto e a viu chorando abraçada com a madrasta.
- Bom dia filha.
Márcia, por favor, deixe-me conversar um pouco com essa mocinha.
- Claro querido.
Seny não relutou, mas estava tremula e meio desnorteada.
- Primeiro peço-lhe que me perdoe. Fui bruto com você. Sei que não resolve muito, mas, quero que se lembre sempre que por mais que eu erre, eu a amo muito!
A pobre menina rica não resistiu, não podia fazer-se de durona agora. Seny sentia que precisava estar segura e precisa mais que nunca do amor do pai. Apesar de muito magoada com a atitude hostil dele.
Ela fitou aquele olhar azul no rosto preocupado do medico e conseguiu ver que o pai que errou estava muito fragilizado também. Ela ficou olhando-o com ar de sofrimento e não respondeu nada.
Will sentou-se na cama, estendeu as mãos para a criança frágil que vinha daquele olhar azul.
Seny hesitou, mas deu a mão franzina ao pai que a conduziu a sentar-se ao seu lado.
Will abraçou-a aconchegando-a, como á um bebe. Ela aconchegou-se no colo do pai e chorou novamente, precisava desabafar tanta tristeza.
Will pediu-lhe perdão novamente acariciando seu rostinho e os cabelos negros e longos da bonequinha e porcelana.
- Querida, por mais que eu seja ciumento ou possessivo com você, não quero ser só o pai bravo, mas quero ser seu amigo. Gostaria que confiasse em mim Seny..
-Você confiou em mim papai?
-Por que eu não confiaria mocinha?
- Então se não foi por desconfiança, qual foi o motivo pelo qual meu rosto tem a marca dos seus dedos?
Seny sabia exatamente como desconcertálo.
- Ah, menininha difícil! Seny você foi malcriada, gritou e desafiou-me. Sei que fui ignorante, mas você desconcerta-me com esse gênio indomável!Eu perdi a cabeça filha.
-Sei. Embora eu não devesse dizer isso, eu entendo você papai e também o amo.
Will ficou surpreso.
-Entende querida? Então entende que preciso saber o que se passa com você. Tente confiar em seu pai.
- Este bem papai. Mas tem que esquecer um pouco que é meu pai e só ouvir. Ai eu conto.
Promete?
- Esta bem. Mas, por que não quer que eu me lembre agora que sou seu pai?
- por que não quero apenas relatar um fato, quero falar o que estou sentindo!
- Claro querida. Então tente, por favor.
Os olhos azuis brilhavam de medo e tristeza, mas ela era corajosa, queria tentar aproximar-se mais do pai. No momento seu lar era tudo que tinha!
Desceu do colo do pai e ficou em pé a sua frente.
Relatou entre soluços e gritos de protesto a traição que sentira da sua melhor amiga.
O pai muito penalizado com a dor da sua menina segurou-lhe a ponta do queixo e deu-lhe um beijo no rosto. Novamente colocou-a em seu colo e ficou ninando-a como se ela ainda fosse um bebe e ele pudesse assim protegê-la das decepções e frustrações que ainda viriam.
Lembrou de uma frase que escrevera no caderno dela, e como queria que ela tivesse amigos como ela merecia. Tentou ser o mais engraçado possível apara anima-la.
“Mas vale um cachorro amigo, do que um amigo cachorro”.
Seny sorriu de canto e agradeceu com o olhar.
Will achou por bem proibir Seny de entrar na internet. Coisa que ela não obedeceu. Ela ficou acompanhando os e-mails e recados do tão recente e polemico relacionamento entre Paulo e Anita.
Amanda era sua amiga e confidente e se aproximou via internet de Paul para arrancar alguns detalhes.
Na virada do mês, Seny e Amanda, empolgavam-se com os preparativos para o aniversario de Amanda. Eram seus 15 anos.
Dr. Robert queria proporcionar á sua filha única uma festa de Debutantes magnífica.
As meninas empolgaram-se no planejamento da festa. Seny tinha uma criatividade ostensiva em gênero, numero e grau.
Por alguns dias deixaram a decepção com Paul de lado e sonhavam com o baile de conto de fadas!
Notaram alguma diferença em Amanda?
Amanda agora parecia mais serena e mais meiga. Deduz-se que toda a hostilidade que denotava contra Seny no internato, no fundo era por insegurança e até por um traço de inveja da órfã hiper dotada. Hoje Amanda criara dentro de si admiração e carinho incondicionais pela filha assumida do melhor amigo de seu pai, (“A gata borralheira de Édipo”), a tão especial Seny.
Capitulo 04 February 19 Um típico dia de verão. .
O Sol brilhava alto. O calor do dia prometia uma noite aconchegante e propícia para vestidos tomara -que- caia; costas abertas, o tradicional modelo princesa rodado e... Tudo que a imaginação das quinze garotas que dançariam a valsa escolhesse.
Entre elas algumas ex - internas: Seny, Anita e a debutante Amanda. Ana (amiga de Seny e Amanda) algumas primas de Amanda, Sylvia Cristina (a irmã caçula de Kassia Levy) e outras lindas adolescentes filhas e aparentadas dos médicos amigos de Robert e Will.
A “Nova Cinderela” e o estilo Cosplay, tinha de tudo! Musica Design, decoração, tema escolhidos a dedo pela debutante auxiliada pela Tia Márcia.
A comemoração estava tão animada:
meninos no Cosplay, meninas de Cinderela, vestidos exorbitantes, brilhantes, chamativos como a “Sharpay”.
A festa estava deslumbrante e teria sido em tudo perfeita não fosse pelo fato que...
Anita havia sido convidada e nem Amanda pode impedir, já que Tia Hellen, era praticamente da família! Eu estava até conformada, um pouco antes da valsa final, onde Amanda dançaria com o ilustre medico e pai (muito elegante, belo e carismático), Dr. Roberto.
- Seny, você esta linda! Achei mesmo que iria revê-la hoje. Como você cresceu e esta diferente!
- Como? O que faz aqui? Você...
- Sei o que ia dizer, sim eu estava em outra cidade. Mas obtive uma licença e ás aulas só voltam no final do mês. Vim ver meus pais e Anita me convidou para esta comemoração.
- Paulo! Você não mudou nada! Quero dizer fisicamente. Bem no seu caráter já não posso dizer o mesmo.
- Por que Seny?
- Bem, achei que aquela despedida, fosse apenas um: “até daqui alguns anos”. E vejo que você escolheu um a das minhas amigas para quebrar o elo entre a Rapunzel e a torre!
- Você antecipou-se de novo, vejo que não amadureceu tanto quanto eu pensava. Criei apenas um vinculo de amizade com Anita e achei interessante saber de você no tempo do internato. E ela me falou muito bem da garotinha precoce!
- E o cinema que eu vi vocês marcarem pelo site?
- Era um código sobre a festa de hoje.
- E por que você não falou mais comigo, nem mandou e-mails ou scraps? Por que Anita se afastou de mim e esta bem diferente desde o casamento do meu pai?
- Bem eu não te escrevi por falta de tempo e para te fazer uma surpresa. Quanto a Anita, não posso responder por ela.
- Anita sabe que você queria me ver, hoje?
Ou da tal surpresa?
- Não. Só sabe que eu queria vir à festa.
- Sei. Bom revê-lo. Acho que não tenho direito de lhe cobrar nada, já que os sentimentos não podem endossar a posse!
- Nossa! Você continua adulta e segura.
Admiro sua coragem de expor o que e pensa tão espontaneamente. E fixando de novo, você esta mais linda que antes!
Enrubescendo e sentindo o rosto queimar, a jovem começava a ceder.
- Obrigada. Fico feliz que me diga isso e também por estar aqui. Mas... Olhe lá vem sua nova amiga da internet.
Anita desceu as escadas até o Jardim, com olhar fulminante!
-Paulinho! Estava te procurando. Esta valsa você dança comigo!
- Não Anita! Paulo estava justamente me convidando para esta dança. Aliás, muito obrigado por ter nos proporcionado este lindo encontro!
Paulo ficou intacto, não desmentiu. Anita perdeu o chão. Graças A Deus quis manter a pose.
- Ah, sim, Esta Bem. Eu estava brincando, só vim conferir se Paulo ia dançar com você.
Dancei aquela valsa como se estivesse sonhando. Os olhares de todos vinham sobre Amanda, outros, no entanto curiosos; olhavam o rapaz distinto que valsava como um príncipe. E
eu me sentia uma princesa em seus braços. Em contraposto o olhar fulminante de papai, ora ou outra tentava me trazer de volta á abóbora da gata borralheira. Porém em vão!
Aquela valsa era mais minha que de Amanda e a melodia era meu ritual de vitória e o selo do meu amor eterno.
Jamais esquecerei aquela melodia.
Nuvens condensadas Depois da valsa a banda continuava tocando uma bela melodia “without you”, eu continuava sonhando. De repente Anita puxa Paulo pelo braço no meio da pista de dança.
- Agora é minha vez de dançar com meu amigo!
Paulo ficou sem ação, vi seus olhos encheram-se de lágrimas, mas ele não conseguiu se desvencilhar da investida invejosa de Anita, ele parecia estar sonhando tanto quanto eu.
Ficamos os três parados por segundos na pista, ela abraçou Paulo e começaram a dançar ao som de “sem você” (M. Carie).
Nesse momento eu queria sumir, parecia que o final da Cinderela ia ser triste mesmo. Meu pai foi meu herói neste dia. Sozinha no meio da pista eu quase chorei de raiva.
-Filhinha linda.
- Papai?
- Me dá o prazer desta dança. Jovem princesa?
E estendendo-me o braço num gesto gentil, meu pai salvou-me da humilhação que Anita tentara causar-me.
-Claro papai!
O intrigante Dr.Will, além de ótimo dançarino revelara-se um pai mais amigo do que um adolescente pudesse imaginar. Sua mão protetora e seu olhar cauteloso denotavam que ele estava ali de prontidão e atendo como um cão de guarda.
A musica acabou, papai conduziu-me pela mão ate a parte superior do salão. Seu olhar agora revelava que ele não queria que eu me aproximasse mais de Paulo e Anita até o fim da festa. Recostei-me sobre o ombro de Márcia e segurei o choro, tinha que ser forte e também não queria demonstrar fraqueza alguma naquele momento.
Ao mesmo tempo em que meu pai parecia entender meus sentimentos, ele demonstrava certa insatisfação pela presença de Paulo, Era uma guerra interior.
Pouco antes do termino da festa, já adentrando a madrugada, papai quis ir embora.
Despedi-me apenas de Amanda, ela parecia entender meu coração partido.
Nem sei se voltarei a ver Paulo. Também não sei como encarar o dia de amanha.
Mas estou tão cansada e quase adormecendo no banco de trás do carro. Estamos indo pra casa. Dr. Will mantém o cenho franzido.
Temo que vá ficar bravo quando chegar a casa - Seny?
-Sim, papai.
-Achei que tinha dormido.
- To quase.
- Só quero fazer um comentário. E não quero Mais tocar no assunto.
- Sim, Senhor. Estou ouvindo, papai.
- Filha mesmo que ele fosse o rapaz certo pra você, ainda é muito cedo para se apaixonar.
Eu não vou permitir que namore agora com um sentimento tão forte no coração, e você não tem idade para isso! Fui claro?
- Sim papai!
Engoli em seco, não queria provocar a ira do monstro da lagoa. No fundo eu sabia que meu pai estava certo. Mas a esperança de que Paulo ia ser meu e a certeza de que era meu grande amor eram agora mais nítidos. Jamais esquecerei os quinze anos de Amanda Jamais esquecerei aquela valsa!
Na volta o radio tocava “You needed me”, Seny fechou os olhos e sonhou ao som da melodia, enfim reverá seu amado príncipe.
Tão raros e puros os nobres sentimentos da borboleta que esta acabando de sair do casulo.
Que vôo arriscado! Cheio de duvidas e medos.
Também cheio de cores, sonhos e adrenalina.
Um vôo que se pudéssemos, tornaríamos interminável em nossas vidas.
Nem sempre é fácil ou bem sucedido o primeiro vôo. Porém sempre será cheio de graça e magia. Sempre será o primeiro!
Capitulo 05 O caminho das pedras. (O primeiro Beijo)
Três dias após a festa, Paulo deixa um recado na internet para Amanda. Ele queria encontrar-se com a pobre menina rica. Amanda serviria de ponte entre eles. Paulo convidou Rodrigo para fazer companhia para Amanda.
Marcaram de se encontrar no Shopping próximo ao cursinho de inglês.
Pais driblados. As princesas vão ao encontro marcado.
Os quatro muito tímidos e pouco a vontade, não sabiam bem como se portar ou o que falar.
Rodrigo gostava de Amanda e Paulo redescobrira sua admiração pela apaixonada mocinha de olhos azuis.
-Vamos pegar um cinema?
- Parece ótimo Rodrigo.
Amanda gostou da idéia, tinha um filme com personagens de desenho animado em cartaz.
Seny já queria conversar e entender as atitudes de Paulo.
_Ah, não acho boa idéia não. Que tal um suco ou coisa assim.
_ Já sei. Vocês dois vão ao cinema e eu Seny encontramos vocês na praça de alimentação na mesa 02. Certo?
- Certo!
Todos concordaram.
Mãos dadas, Paulo caminha olhando os olhos da menina tão diferente que conheceu no colégio.
Seny desejava sentir a segurança que sentia anos atrás, porém este Paulo que estava á sua frente, era uma incógnita.
Sentaram-se á mesa. - Paulo. Ainda não entendi? Quero saber por que você distanciou-se tanto, sem noticias e por que colocou Anita em sua vida?
- Sei que temos muitas perguntas, mas isso pode ser dito em e-mails. Em poucos dias estou voltando á Republica da Universidade. Quero aproveitar o pouco tempo que temos até nos vermos e novo.
Seny fitou-o espantada com a resposta.
Aproveitando o momento Paulo segurou-lhe o rosto cálido com uma das mãos e achegando tocou seus lábios suavemente. Um beijo! O selo do amor para a precoce srta. Will.
O beijo foi longo, cheio de beleza; quase inevitável a lágrima de felicidade que correu do olhar azul e emocionado de Seny.
Já não eram necessárias palavras. O
coração de ambos parecia querer pular. Queriam para o tempo. Conversaram, fizeram planos para o futuro, deram uma volta interminável pelo shopping. Trocaram torpedos no celular, pareciam duas crianças soltas num imenso parque de brinquedos raros.
È o perfume de rosa que exala no jardim da vida! O doce voar da borboleta... Ah! Dr. Will.
Sua criança cresceu! Tão rápida e precocemente!
Sua mente esta á frente muitos anos. Ela é a mesma órfã superdotada. Sua criança vai esvaindo-se de seus braços.
Suas asas coloridas de vaidade, força e beleza, tornaram em breve numa exibição de esplendor. Ela brilhará com a luz da aurora, esta se tornando uma dádiva perfeita e rara, tornando-se... Mulher!
As mãos delicadas, franzinas. Unhas decoradas sutilmente. Suas mãos suaram. As mãos de Paulo apertando-as como se quisera assim aquietar o próprio coração.
Paulo nunca tinha demonstrado tanto interesse por nenhuma jovem, nem mesmo da sua idade, nem de seu meio. Certamente, Seny, era um prazeroso e perigoso desafio! Agora ele sabia a idade de sua diva, embora isso só acrescentasse ainda mais admiração por ela: Era madura ao extremo e ao mesmo tempo doce e pura como uma criança assustada.
Paulo amava-a. Mas, não distinguia qual a intensidade deste sentimento.
Capitulo 06 Sentaram-se de novo, tomaram um suco e trocaram outro prolongado beijo. No entanto Paulo deu-se conta que Amanda e Rodrigo estavam demorando demais e já devia fazia uma hora que o filme havia terminado.
- Tem razão Paulo. Por que será que estão demorando? Ai. Essa Amanda! Assim vai ficar tarde e corremos o risco de um de nossos pais ligarem e não temos nos comunicado para saber que desculpa dar.
- Aquele não é o pai de Amanda?
- Que? Meu Deus é sim! Mas ele devia estar de plantão hoje. O que ele faz aqui. Será que nos viu?
- Ainda não. Mas se veio buscar Amanda vai nos ver, já, já.
-Vamos sair de costas. Vou ao toalete ligar no celular dela.
- Certo.
Apavorada Seny entra no banheiro feminino e liga pra amiga desmiolada.
- Amanda onde você esta? Seu pai ta aqui!
- Eu sei. Ele me ligou disse que saímos da biblioteca e resolvemos tomar um sorvete aqui.
Mas, não achei que ele viria conferir!
- Que? E você não me avisa? E agora?
- Sinto muito. Ele já me viu e me viu conversando com Rodrigo. Bem espero que tenha me visto só conversando.
- Esta maluca? Como só conversando?
- Estamos namorando depois eu conto, eu já to no carro. Papai ta te procurando.
Seny não sabia por que mais tinha a impressão que Amanda tinha ido além do que deveria.
- Amanda! Sua inconseqüente! Se ele vir o Paulo, vai assimilar as coisas. E como vou avisar o Paulo e nem vou poder me despedir dele!
- Hei! Calma, eu não tenho culpa. Vou avisar Paulo pelo celular. To na garagem A3, vem pro carro.
- Vou! Assim que conseguir sair do toalete sem cruzar com Paulo e seu pai!
- Ta eu dou um toque no seu celular ai você vem. Eu disse que desencontramos porque você foi ver se tinha um perfume pra Márcia e eu não tava a fim de andar.
- Que ótimo! Márcia não usa os perfumes que vende aqui ela é alérgica! Que idéia brilhante! Por que não disse que eu vim comprar um elefante branco?
- Calma prima! Você esquenta demais! Vai dar certo.
- Ta bom!
Seny estava apreensiva e brava por ter que ir assim, sem despedir-se de Paul. Espera o toque no celular, só que não vê o numero da chamada e atende já falando brava.
- Até que em fim, Amanda! Já despistou seu pai?
-Seny Will! Por que é que Amanda tem que “despistar” o Pai dela? Onde a senhorita esta?
- Pai! Ai! É que eu me desencontrei de Amanda e o tio Robert veio buscar a gente, mas já to indo.
-Senhorita desobediente! Acabei de receber uma ligação do Dr. Robert ele esta preocupado em você ter passado mal, porque já esta procurando você neste shopping minúsculo á meia-hora! E ele viu algumas pessoas raras de estarem “passeando” ai justo hoje. Quando eu chegar a casa, quero saber essa história sem mentiras e acho bom que você esteja realmente neste shopping!
- To sim papai. Olha, acabei de encontrar o Tio Robert.
- Ótimo! Em casa temos uma conversinha marcada. Um beijo filha!
- Ta papai.
Que ironia. “Um beijo, filha”. Seny sabia que não era um beijo que a esperava, mas qualquer castigo não fazia mal. Só em sonhar com o beijo de Paulo, o toque suave dos seus lábios, que saudade enorme sentiria. Queria ter ficado junto dele pra sempre.
- Que passeio demorado!
- Oi Dr. Robert.
- Sem palavras Seny! Já pro carro!
Parece que Tio Robert, viu mais do que devia. O semblante dizia tudo. Tinha que achar um jeito de escapar dessa enrascada. Ai como ela queria torcer a prima. Agora era pensar numa desculpa convincente.
Dr. Robert parou o carro em frente o condomínio da gata borralheira e avisou que não ia descer e que precisava de uma conversa com Amanda e depois ia ligar para o Dr. Will para fazer a acareação com as duas!
A adolescente apaixonada pouco estava se preocupando com o castigo. Entrou flutuando em casa. Seu olhar estava perdido, distante.
Márcia indagou em que nuvem ficava essa tal biblioteca em que seny fora pesquisar com Amanda. Sua sensibilidade de mulher e a preocupação de mãe quase a fizeram adivinhar o motivo de a menina estar em órbita.
- Seny, onde você foi? Não tem nada pra me contar?
- Na biblioteca, Shopping. Não mamãe. Ta tudo bem!
- Mamãe? Você esta bem mesmo? Ah, Seny! Não se meta em encrencas. Você conhece o rigor de seu pai.
- Não se preocupe, vai ter valido a pena qualquer castigo.
Diante da afirmação impensada de Seny, Márcia alarmou-se muito.
- Seny, você não..
O que é que você fez menina?
- Nada mamãe. Não se preocupe.
-Querida se você desobedeceu a seu pai, eu não vou poder intervir desta vez. Espero que entenda!
Seny, nem parecia ouvir. Foi para o quarto e deitou-se olhando o teto decorado. Sua mente só pensava em quando e como veria de novo seu amado Paulo. Desde que ela o vira no primeiro dia de aula fora do internato, sentiu que ele era especial. Todos os sonhos possíveis de flores, príncipes e castelos formavam seu universo agora. Paul era seu herói, seu amor. Nada mais importava.
Nem a voz turbulenta de Will que chegara duas horas mais cedo do trabalho, a fizera despertar do conto de fadas.
- Olá, amor. Você não me avisou, teria mandado adiantar o jantar.
- Querida, onde esta Seny?
- Hum..
- Márcia. Desta vez eu estou calmo e preciso que não interfira. Onde ela esta?
O tom de voz de Will já anunciara que a doce filha estava bem encrencada.
- Meu bem. Ela esta no quarto. Posso ao menos saber o que ela aprontou desta vez, que o fez você sair mais cedo da clinica?
- Robert teve a infeliz certeza que as panteras marcaram um encontro amoroso.
- Tem certeza? Seny é tão novinha.
- Márcia, seu tom de voz denuncia você. Se eu não tinha certeza, acabei de ter! E não se preocupe porque não estou descontrolado, mas bravo o suficiente para fazer o que tem que ser feito. E repito não me interrompa desta vez.
- Ah, Will!
- É uma ordem, minha esposa!
- Fazer o que? Certo então!
Márcia queria desesperadamente defender Seny, mas não teve como.
Will abaixou a cabeça procurando uma formula mágica. Que menina atrevida!
Márcia fitava-o e quase ria, ele realmente queria, mas não estava bravo. Estava pesaroso, como ficava ainda mais atraente quando estava contrariado. Will era um pai muito jovem apesar de muito tradicional também. Era um médico brilhante e atraente.
Passava nervosamente as mãos pelos cabelos negro, curtos e lisos, o olhar firme e os ombros largos, denotavam seu poder de persuasão. Sem duvida ele tinha uma presença marcante.
Como quem teve uma idéia sarcástica, ele pôs as mãos sobre o cinto de couro branco.
Retirou o bip e os celulares.
Márcia observava sem querer acreditar. Ele não ia fazer isso. Ia?
Mas ele não parecia tão bravo.
Will fitou –á. Como quem queria relembra -
lá que ela não deveria interferir no castigo e depois deu uma piscadinha acalmando-a. Ele não estava descontrolado. Era seguro e estava seguro. Agia com frieza agora, mas devia saber o que era melhor para sua filha.
Márcia apenas meneia a cabeça. Embora já estivesse penalizada por Seny, entendia que o pai precisava ser duro agora, para evitar alguma coisa que não pudesse mais ser remediada no futuro.
Will chamou por Seny na sala, num tom serio.
Foi assim que Seny saiu do mundo da lua e pousou na terra.
Quando a jovem rebelde apareceu na sala, Will tirou o cinto da calça e olhou-a dentro dos olhos. Parecia que ele queria que ela desse alguma dica de que ele estivera deduzindo errado.
Tão alourada ela estava que olhou o pai.
Contemplou seu rosto fechado, mas achava-o lindo no traje branco de médico.
- Já chegou papai. Não vai tirar a roupa do hospital?
Foi o que conseguiu dizer desviando os olhos do olhar hábil e inquiridor do pai.
Você sabe o que a espera mocinha?
Seny tremula da-se conta de que Will esta com o cinto nas mãos e estica-o pressionado entre as mãos fazendo um enorme barulho e uma evidente ameaça.
- Ah, papai! Essa não!
E já caiu no choro.
Will segurou-se para não rir. Lembrou-se de como ela era corajosa no orfanato, agora parecia que estava mais que intimidada, estava com medo. E isso infelizmente era prova que ela tinha culpa e muita. A vontade desse pai protetor era abraça - lá e não dar-lhe umas palmadas. Mas Will sabia que se não a intimidasse seriamente poderia perdê-la sem que houvesse retorno. Foi pensando que era uma maneira de lutar pra que ela não se perdesse, nos tão suculentos pratos postos á adolescência que depois dão indigestão, que ele criou coragem e segurando-a por um braço, deu-lhe umas boas cintadas.
Márcia fechou os olhos para não interromper.
Will sentiu-se um monstro depois que viu as marcas avermelhadas nas pernas da moça.
Seny ainda chorava quando o pai mandou que ela sentasse no sofá.
Com medo ainda ela sentou.
Will a fitou brigando com o coração de pai.
- Mocinha, você sabe por que apanhou?
- Sei.
Balbuciou tremendo muito.
Isso era tudo que Will não queria ouvir.
- Ah, mocinha! O que eu faço com você!
Será possível que custa me ouvir e obedecer, principalmente quando se trata de algo tão serio?
Seny ousou fitar o olhar decepcionado, apreensivo e ainda muito contrariado do pai que ainda continuava em pé com o cinto na mão.
Olhando-a tão frágil e chorando daquele jeito, Will já nem conseguia quase manter o tom grave de voz.
- Me deixe ver esta perna.
Abaixando-se até a pequena teimosa com lágrimas que prometiam formar um rio, Will estica a perna direita dela e observa que uma das cintadas pegou um botão de enfeite na barra da calça corsário e fez um corte mínimo abaixo do joelho. Mínimo mas o suficiente para aquebrantar o coração tolo de Will.
- Ta vendo Seny, olha só o que você acaba fazendo.
O médico-pai, com um algodão fez a assepsia do insignificante ferimento. O coração de Will estava mais inseguro e ferido, com certeza.
Sua menina estava indo embora aos poucos.
Como ele a impediria de crescer? Mas faria o possível para adiar esse amadurecimento precoce que a acompanha desde o nascimento.
Will sentou-se á seu lado. Ela ainda tremia de medo e de culpa. Sua consciência pesava por entender o quanto magoara o pai. Embora por Paulo qualquer castigo fizesse sentido, ela não queria magoar seu pai. Foi então que percebeu que precisava muito de Will e que ainda o tempo não os havia aproximado o bastante pela infância que passaram afastados. Com esse pesar no olhar e no coração confuso, Seny chorava mais desesperadamente.
Will não resistiu. A abraçou e a pós em seu colo.
- Ah, minha filha! Porque você tem que ser tão difícil e tão precoce!
Seny sentia-se ainda mais culpada ao ver como o pai se sentia mal por haver castigado-a.
Will já havia sido muito arrogante com ela no passado, mas agora era um pai muito carinhoso.
Deitada no colo de Will, Seny tentava parar de chorar e não conseguia.
- Márcia. Querida traga um copo de água para essa moça tão valente que agora mais parece uma gelatina derretida ao sol.
- Seny, não foi pra tanto, eu nem bati em você com força. Você esta me deixando preocupado. Tem algo mais do que o Robert viu?
Ela nem sabia o que ele viu, mas sabia que seu pai era inteligente o bastante para deduzir depois de tudo e do aniversário de Amanda.
- Não papai. Não tem nada tão grave.
- Tão grave? È melhor eu não perguntar agora pra não ouvir que não quero e perder a cabeça! Seny! Seny!
Levantando o rosto ela olhou dentro dos olhos do pai, como quem pedia socorro. “Quase que pedindo: se me surrar vai arrancar Paulo do meu coração, então faça, antes que eu faça alguma besteira”.
Will buscou forças dentro de si para transmitir aquele olhar que ele já conhecia to bem desde aquela noite que ela teve febre no internato.
- Papai, adianta agora, mas.. Perdoe-me.
Márcia que se manteve apenas como expectadora, não segurou as lagrimas de emoção. Como os dois se pareciam até no caráter. Que personalidade brilhante e contundente ambos possuíam, Seny era a replica fiel de Will.
- Ah, minha criança mimada e caprichosa!
Will beijou a testa de Seny e manteve-a sob a custodia de proteção do seu abraço paterno, até sentir que ela já não se culpava tanto e que estava mais calma.
Agora para quebrar o gelo era um tanto cínico.
- Se eu soubesse que umas palmadas, a deixavam moçoila rebelde doce e amável, já teria lhe presenteado com uma boa surra bem antes!
- Papai!
Exclamou a criança ofendida e fechou o semblante como quem fora gravemente insultada.
- Que beicinho lindo!
Seny não segurou e riu.
- Ah, papai!
- Sabe que eu te amo minha querida. Já tinha esquecido do quanto você ainda é criança.
Deixe de ser precoce minha filha. O tempo não volta. Quantas vezes na vida você terá que ouvir esta frase?
Amenina de ouro nada respondeu.
Descendo do colo do pai, arrependia-se por causar um atrito em seu dia. Pensativa e como se as palmadas nem doessem mais pegou o copo com água das mãos de Márcia e agradeceu.
Sentou-se novamente ao lado do pai e bebeu a água. Pensativa e incógnita, o mundo de seny girava entre o novo, atraente amor pelo beijo apaixonado do garoto mais velho que prometera voltar e a decepção de entender que ferira gravemente o coração de seu pai. Ela desejava não entender. Desejava gritar e bater o pé, enfim ser contraditória e obstinada como um adolescente nesta fase. Mas, entendia seu pai e como o entendia! Relembrou o que sentiu no dia do casamento de seu pai e sentiu que ele devia sentir a mesma espécie de insegurança. Forma privados de serem uma família por estes anos todos e justo agora esses sentimentos afloram.
Ela não sabia qual amor queria mais próximo ou que sentimento daria prioridade. Estava confusa e novamente triste. Muito cedo para se apaixonar. Seu pai tinha razão. Era muito cedo pra ela e Paulo tinha que entender. Ela não era criança. Mas, também não tinha maturidade suficiente e sabia que o que sentia não era uma simples paixonite, mas era paixão de verdade. E
não estava pronta para lidar com as conseqüências de um sentimento tão adulto assim.
E este era o desespero de Will, ele aprendera a conhecer bem de mais o caráter e as emoções de Seny. E pressentia que o que ela sentia pelo garoto do colégio (Paulo) era muito serio, tão serio quanto o que atraiu ele e sua mãe no passado (Jéssica) e foi desastroso o desenrolar da trajetória de Jéssica Lyran, e Seny ainda era bem mais nova que ela, Seny acabara de adentrar na adolescência. Will não permitiria que a filha estragasse sua vida. Se fosse um namorico bobo, talvez ele ate fingisse que não sabia. Mas era evidente que tudo na vida de Seny era profundo e marcante.
Naquela noite Will não pode dormir, seu passado vinha á mente como um filme claro e nítido. Não queria pra Seny o mesmo fim de sua mãe. Não deixaria. Custasse o que custasse!
Seny meditava...
Melhor deixar o tempo passar mais um pouco e pensar. Ainda assim não se conformava com a inveja de Anita. Anita que ela tanto aprendeu amar e defender.
Ingratidão Queria achar as palavras certas Para descrever a dor De quando a decepção leva Uma amizade que o amor despreza.
Acreditei em mentiras Tão puro era meu olhar.
Sonhei que amigos eram eternos!
Você meu sonho veio exterminar.
Como pode não se importar?
Conheço alguém que se importa.
É Deus que veio me abraçar...
Ele me diz que pela vida afora:
Amigos fiéis, ainda vão encontrar!
Essa esperança me conforta.
Não é você que vai minha porta fechar...
Da sinceridade, da virtude:
Eu chegarei ao LEVEL 100!
Não desistirei você já não é ninguém!
Naqueles dois anos desde o primeiro desmaio na festa do internato, seny tinha dores esporádicas de cabeça, vez ou outra se revelavam muito intensas. E outras vezes, mesmo sem passar por nenhum stress ela desmaiava sem explicação.
Capitulo 07 Márcia foi apanhar a bolsa que esqueceu em seu quarto. Sem saber que Will estava em casa, ficou surpresa ao ver a expressão de extremo horror em seu rosto contraído. Ele examinava documentos e exames em uma pasta transparente que ela nunca vira antes no apartamento. Notando o maxilar contraído do esposo decidiu sair sem que ele notasse sua presença.
A mãe interina voltou mais cedo da agencia e Will já não estava no apartamento. Vasculhou o quarto e encontrou a pasta marcada com o adesivo de papel vermelho.
Abriu e leu os documentos. Alguns exames eram de seny, outros para sua surpresa eram de Jéssica Lyran. A perplexidade se apoderou de Márcia. O que teria naqueles documentos?
Numa noite quente daquele verão:
A jovem precoce também não dormiu. Seus pensamentos e seu coração estavam em atrito entre o amor e o medo. Embora soubesse por seu pai de parte resumida da história de sua mãe, algo ainda a intrigava muito. Sabia que tinha ainda algum segredo não revelado e não tinha o desejo, nem coragem de buscar saber. Era como se um pacote tenebroso estivesse prestes a ser aberto. E ela queria evitar.
Como uma reação de auto defesa do seu subconsciente, Seny teve febre alta por toda a noite e chegou a delirar, pela manha, mal parava em pé e nem conseguia chamar Márcia ou Will.
Um sexto sentido fez Will voltar do elevador na garagem. Sem entender o que voltara pra buscar, ele retornou ao apartamento e foi ver como estava sua jóia indomável. Ao encontrar Seny delirando e suando muito, ficou alarmado.
- Filha, o que você tem?
Colocando as mãos sobre seu rosto viu que estava muito febril.
Chamou Márcia para auxiliá-lo.
- Febre de novo.
- Oh, não! Não como antes?
- Infelizmente pior, parece estar a quase quarenta graus e esta quase inconsciente. Vamos levá-la ao Hospital.
- Meu Deus! Ainda bem que você esta aqui.
Pensei ate que já tinha ido trabalhar quando se despediu.
- Eu já havia saído mesmo. Mas uma sensação estranha me fez voltar do elevador.
Agora entendo porque não dormi á noite toda.
Envolvendo-a nos lençóis e carregando-a em direção a porta, Will clamava por não ser tarde demais. Apertado nas mãos Seny tinha o celular e retirando-o de suas mãos Will viu 05 chamadas de Paulo. No mesmo instante o celular tocou novamente. Will atendeu instantaneamente.
- Alo Seny? Tudo bem?
- Aqui é o pai dela! E graças á você ela esta sendo levada em estado de choque para o hospital.
- O que? O que o senhor disse? Como assim? O que ela tem?
- Não tenho tempo para explicações e principalmente pra você garoto! Mas, vou pedirlhe um favor. Se realmente tem um mínimo de consideração pela minha filha, afaste-se dela.
Seny tem graves problemas de saúde que nem ela sabe, e eu não posso explicar pra você agora.
- Senhor Will, só me diga uma coisa. Ela corre risco de morte?
- Infelizmente é provável, ela tem uma patologia incurável. Já falei demais! Agora por favor, faça este bem á minha filha se ela sobreviver.
Will pensava ter dramatizado demais, porém, mais tarde descobrira que era pior do que pensara ser.
- Se é para o bem dela, eu prometo Dr.
Will, não mais me aproximarei dela. Desejo que ela fique bem.
Will desligou abrupto o celular jogando-o no chão.
Chegaram ao Centro Hospitalar ADE, onde Will tinha também a Clinica dentro do prédio.
Na emergência Will mesmo fez os primeiros socorros, Chamou neurologistas e cardiologistas ás pressas, os sinais vitais estavam muito fracos, Seny já estava inconsciente. Mas entre o céu e a terra sua mente lutava pelo amor e pela vida Perder-te seria ganhar-te;
Mas o preço desta arte Custa-me quase a vida Quisera eu fosse um enfarte, Que como a pressão sobe e bate.
E apaga assim a partida, Já que não te tenho e nem á mim tens.
Pois, pra meu próprio bem, Virou paixão recolhida.
E onde se esconderam os sonhos?
Se os versos que componho, São de alma tão ferida.
Duas grandes e dolorosas revelações foram descobertas com a morte de Jéssica Lyran, que Will só ficou sabendo anos mais tarde, quando reencontrou o pai de Jéssica e através dele o orfanato onde estava Seny.
Na autopsia descobriram que Jéssica estaria condenada á morte, ela tinha doença de chagas e um aneurisma, que ela morreu sem saber. Já que morreu de poli traumatismo craniano no acidente na excursão para praia.
No internato quando Will mandou trazer Seny, mesmo sem aproximar-se dela, covardemente pra não se apegar também com medo que ela morresse, já que sua mãe morrera também de enfarte apenas dois anos da morte de Jéssica.
Eram muitas perdas para uma só pessoa.
Foram feitos todos os exames em Seny, e nenhum deles constatou a doença de chagas.
Mas, quando seny ainda no internato começou ter crises de ausência e convulsões , Will lembrou-se do aneurisma de Jéssica e pediu a ressonância. Foi constatada abertura entre os giros corticais e uma leve disritmia cerebral, mas nada de importante.
Só que os sintomas estavam evidenciandose no ultimo ano. Dores de cabeça constante, febres isoladas, desmaios e convulsões. Para fazer os exames sem que seny suspeitasse de algo grave, Will a sedava em casa mesmo.
E agora essa febre alta e o enfraquecimento generalizado dos sinais vitais a levaram de volta á CTI. Neurologistas e cardiologistas preocupados não escondem a gravidade do estado de seny.
- Dr. Will, ela esta sendo monitorada e incubada. A respiração esta frágil demais e os sinais continuam oscilando. Seu coração esta fraco. Sentimos muito Doutor.
- Como assim sentem muito! Também sou medico! Não vou perder minha filha! Não sou cardiologista! Façam alguma coisa.
Robert estava no hospital e foi informado por uma atendente.
- Calma! Estamos mobilizados, varias equipes trabalhando em conjunto. Nossa menina vai resistir!
- Oh, Robert! Tudo que eu temia era perdêla.
- Não vamos perdê-la, tenha fé. Só que no momento Will, tenha mais fé em Deus do que na medicina, porque tudo que é possível esta sendo feito! Tenha fé em Deus e acredite: vai viver!
- Ela tem que viver!
- Dr. Will, o senhor deve retirar-se, sua voz pode afetar o estado emocional e agravar ainda mais, o senhor esta alterado, Doutor.
- Eu não vou sair.
- Dr. Robert, acalme-o. E leve-o ate a porta ao menos.
-È melhor Will. Vai ajudar mais se você sair e sabe disso.
- Esta bem.
Robert abraçou o amigo e Will chorou.
Sentiu-se miserável e nu diante das circunstancias. Seu dinheiro, seu conhecimento medico, sua experiência. Nada podia agora ajudalo ou salvar sua filha.
Sofrendo e sentindo novamente a dor da perda e dor na alma, abraçou-se com Márcia e ambos clamaram ao senhor por um milagre, por mais um milagre.
- Deus eterno! Na verdade, tudo neste mundo é teu e tudo que possuo não é nada diante da vida. Por misericórdia devolva a vida á minha filha! Não me puna desta maneira por não ter entendido o afastamento de Jéssica e a ter julgado e feito sofrer. Não deixe que Seny pague pelos meus erros. Senhor de todo coração clamo teu perdão e teu socorro!
Will não se envergonhou de orar em voz alta.
Os parentes sem esperanças que tinham pacientes internados nos CTI, admirados de ver um médico tão humano orar (Will estava vestido para atender na clinica, quando socorreu a filha ,e, Médicos parecem tão alheios á morte, se tornam tão duros com o tempo); Cobraram animo e resolveram cada um á sua maneira também se apegar com Deus.
Foram horas intermináveis, até que um médico veio até Will e anunciou que ela já estava fora de perigo, mas continuaria no CTI.
- Oh, graças a Deus!
- Depois de vários exames cardiológicos e Neurológicos, constatamos que além de uma arritmia cardíaca, sua filha sofre de depressão profunda. Fora os problemas genéticos e orgânicos ela tem consideráveis distúrbios emocionais e precisa de também de acompanhamento psiquiátrico.
- Como assim?Até ontem estava tudo normal. Eu sou medico! Acham que eu seria irresponsável aponto de ocultar-me?
- Não Dr. Will, o fato é que sua especialidade é outra e o fato só veio á tona por causa dos sintomas que se manifestaram de maneira crônica, revelando a patologia em exames que fizemos apenas por procedimento e daí a seria constatação.
- Não posso aceitar isso, ela é uma criança!
Meu Deus ajude-me.
A decepção e a dor do coração daquele pai eram indescritíveis, só Deus poderia confortar e contemplar.
A linda menina de ouro, a corajosa dama revelada em sua essência desde a infância, sofreu a queda da armadura. E agora todos choram a falta dela! Sim, porque essa Seny em pânico, intrínseca, presa na torre... Esta jovem agora com remédios controlados e antidepressivos, que se afastou dos amigos e dos pais. Que acredita não ser compreendida e estar vencida pela doença; nada tem da exuberante, mas singular...
Da graciosa Seny!
Armaduras quebradas O mundo de Will despedaçou-se de vez, como lidaria com isso. Ele achou que Seny era feliz.
Isso não era justo! Como ele ia anunciar-lhe tal coisa? A presença insistente do passado.
A genética, a imagem de Jéssica Lyran, invadira de novo seu mundo.
No dia seguinte ainda no CTI, Seny acordou sem entender bem o que estava fazendo ali.
- Papai? Ousou chamar baixinho.
A enfermeira de plantão, perguntou se ela se sentia bem, ela assentiu com a cabeça. Meio zonza ainda pediu para ver o pai.
A enfermeira fez um sinal para o medico que estava passando nos leitos. Conversaram algo que Seny não ouviu. Então o medico saiu e vestido com uma mascara e roupa engraçada, adentrou com os olhos brilhantes, Dr. Will. Foi em direção ao leito de Seny que ainda estava com aparelho para respirar, Mas podia falar pausadamente com o cateter no nariz.
- Filha?
Os olhos marejando lagrimas, Will não conteve sua dor e sua emoção.
Você ficará bem minha rosa azul.
Ainda sem entender, ela não se lembra do porque esta ali.
- Eu, papai? O que há comigo?
Os médicos sensíveis ao fato dela não se lembrar de nada, induziram Will a não forçar, a deixar que as lembranças viessem devagar á memória dela.
- Oh querida, nós amamos você! E quase a perdemos! Foram horas intermináveis!
- Foi serio assim?
- Foi querida, mas agora você já esta fora de perigo.
Ela tentou sorrir, mas...
Seny voltou a adormecer por conta dos sedativos.
Varias manifestações de crises ainda no CTI, evidenciando infelizmente síndrome do pânico, para Will foi assistir á um inevitável filme de terror.
A cirurgia foi inevitável.
- Ela mal tem quatorze anos!
Will gritava, reprimia sua dor, emagreceu bastante, quase entrou em choque.
Lembrou-se que Seny era uma dádiva de Deus, e que desde o ventre ela deveria ser especial. Ela era muito especial. Não imaginava sua vida sem ela.
Por mais que ainda quisesse ter filhos com Márcia, este, definitivamente não era o momento.
-Oh Deus Eterno, Dono da vida! Devolva a vida a esta perola que me deste. Faz-me saber assim que És comigo.
Quinze dias hospitalizada e já irrequieta e tornado-se agressiva, Seny não quer mais ficar ali.
Por benção foi para casa no outro dia.
Passando-se alguns meses...
Voltando a rotina do colégio, curso de inglês, etc. Seny nunca quis tocar no assunto.
Will já não confiava em deixar Seny e quando Márcia não podia, ele mesmo ia buscá-la no cursinho e na escola.
Por sentir-se fragilizada e impotente diante de tudo. Seny afastou-se de Amanda. Dr. Robert permitiu o namoro entre Rodrigo e Amanda, porque julgava que Amanda não queria nada serio e, portanto não ia arriscar sua liberdade.
Amanda era mais velha que Seny, Mas sentia muito a falta da amiga.
Paulo ficou sabendo através de Amanda do estado de Seny e do que se passava e decidiu afastar-se dela de vez. Mesmo tendo um imenso carinho por ela, achou que era um peso que não podia carregar e deixou uma carta na pagina da internet de Seny.
“Desculpe-me, ainda é muito cedo pra nós e eu não quero carregar a culpa de ferir você. Seu pai a ama muito. Que vocês possam perdoar-se e seguir enfrente. Em algum lugar da vida, anos mais tarde, pode ser que eu ainda esteja esperando pela menina transformada em mulher.
Amo-te. Adeus, Paulo.”
Seny imprimiu a carta e guardou na mesma caixa em que guardou os livros de sua mãe. Não se via mais sorriso em seu rosto, vira e mexe uma lágrima insistia em rolar. Ela tornou-se quieta, amarga e arredia.
Amanda insistia em ligar de vez enquanto, mas Seny raramente atendia.
De repente parecia ter raiva do mundo todo. Era desnecessário lembrar que as picadas de sedativos intravenosos entre as crises.
Que mocinha vaidosa, não se sentiria assim?
Mas pra Seny era mais do que algo visível, era a constatação de que ela era frágil demais! E
por isso Paulo, tão cedo desistira dela.
Will fazia um esforço enorme para não perder a compostura com ela. Seny enfrentava-o, era ríspida, malcriada e às vezes ate muito rude em suas respostas ao pai.
Infelizmente depois do diagnostico, Will tornara-se um pai desarmado. Embora inconscientemente o consuma a culpa. Ele não tinha culpa alguma!
Capitulo 09 Raiando a manhã Com certo peso e sem ter plano algum do que fazer com as férias, Seny despertará sentindo uma alegria diferente invadir sua alma.
Levantou com os olhos azuis mais brilhantes que nunca.
Seus cabelos cresceram até a cintura, ela olhou-se no espelho. Desafiadoramente sentiu-se linda. Respirou fundo e pensou estar ficando louca. Riu de si mesmo. Sentou na cama, e subitamente lembrou-se que todos os dias pela manhã, quando a casa dormia, ela ouvia seu pai orar agradecendo á Deus por ela estar viva.
Sentiu-se envergonhada de ser tão egocêntrica.
- Meu Deus, obrigado por eu haver despertado nessa manhã!
Disse em tom alto, para que ela própria pudesse ouvir. Mal podia acreditar. Estava sentindo-se feliz! Gostava de viver! Gostava do que via no espelho! Gostava de estar viva!
Parecia que os sonhos despertaram junto com Seny, e com ela toda a casa e a benção de Deus, pareciam pairar sobre aquele apartamento.
Resolveu fazer algo antes de sair do quarto.
Era um sábado diferente. Seu pai não trabalharia naquele fim de semana prolongado.
Ligou o computador e mandou um e-mail para alguém muito especial.
“Querido, Paulo”:
Agradeço por ter preocupado-se a ponto de ausentar-se. Mas... Estou de volta á vida.
Foi um semestre muito longo!
Desejo que tudo te vá bem. E quero que saiba que com ou sem você, Deus nunca me abandonou e também não te abandonará.
Achei que este era o momento certo de te escrever. Ainda te amo. Fica com Deus. “Seny Will.”
Sentiu-se tão aliviada de estar sentindo-se segura que desejou cantar e foi o que fez.
Saiu do quarto, vestida com cores alegres e cantando. Will e Márcia entre olhavam admirados.
Mais um milagre aconteceu. A meiga Seny, voltara á vida!
- Bom dia, papai. Você está muito bonito esta manhã. Já disse que te amo?
- Graças a Deus! Você é quem esta linda minha flor e sem duvida, eu te amo!
- Também amo você, Má.
Márcia se emocionara por demais. Até que enfim, parecia que chegou o tempo de “Cantar ás aves” e aquele lar se enchera de beleza e harmonia.
Quantas vezes as esperanças de “Seny”
renasceriam ainda, era impossível prever. Mas, com certeza que cada vez que precisasse Deus estaria com ela.
Seny fez uma surpresa para Amanda. Pediu ao Pai que a levasse á casa de Tio Robert, sem avisar.
E ao abrir a porta, Amanda ficou surpresa.
- Que você esta olhando prima? Acaso achou que se livraria fácil de mim?
- Oh, Seny.
Amanda queria rir, mas, abraçou a amiga e chorou de alegria.
- Sua chata! Achou que não ia mais ter com quem brigar?
- Ah, e quem ia concertar suas burrices.
Caíram na risada. Era bom vê-las juntas de novo!
Que saudade sinto de ti, Como quero teu abraço, O louvor que ouço agora me faz chorar...
Como desejo te abraçar.
Sinto-me tão vulnerável...
Meiga, doce, afável?
Mas a que preço, tudo isto?
Preço da saudade...
Saudade do que nunca tive.
Quem pode entender-me?
Quem pode preencher-me?
Só tu oh, Deus maravilhoso, Pode consolar-me.
Enquanto o que desejo não vem;
Reconheço que é Deus forte!
Amo-te mais que minha vida, O que seria dela sem ti.
Como eu dançaria uma musica agitada, Sem ouvi-la, ou sem poder mexer-me?
Tu és a própria musica.
“You is music in me”
O retorno Oh saudade da maquete que vi crescer, Da bela mocinha no espelho Volta o seu batom vermelho, Já não és ruiva, nem morena.
Que cor pintou teu cabelo?
Fios dourados como o sol, Volta à vida, oh rouxinol!
És a menina que eu vi, Hoje na lida, no dia-a-dia, na vida:
Meu nome é de verdade: Seny, Na incondicional realidade...
Amo ser chamada assim!
De volta á história...
Amanda conteve as muitas lagrimas de alegria, Seny brilhava como a aurora em dia de primavera.
Parecia não sentir o tempo que esteve ausente de todos.
Aquela leva de calmantes e sedativos era um desafio vencido.
Passaram junto todo aquele fim de semana, fizeram confissões e renovaram a cumplicidade.
Seus pais fizeram um piquenique prolongado pra comemorar, Kassia estava grávida e muito feliz e agradeceu aos céus por Amanda ter voltado a se unir com seny, pois, não sabia a reação da jovem ao receber a noticia de um irmãozinho. Até então Amanda estava tão acostumada a ser filha única.
Márcia também confessou seu alivio em ver que Seny estava vencendo aquele obstáculo. Já não suportava o mau humor e o sentimento de fracasso que Will vinha demonstrando, até em ir morar no exterior ele tinha cogitado.
Mas as grandes rochas no meio do caminho estavam apenas dando lugar para as pedrinhas que machucam os pés.
Alguns dias curtindo as férias Seny e Amanda, saiam muito. Tentavam distrair-se no cinema, no boliche ou aprontando algum trote pela internet.
Subitamente uma manha chuvosa no apartamento, a linda moça azul tão marcada faz uma confissão.
- Amanda você ama o Rodrigo?
- Nossa que pergunta seria!
- Responda-me. Não enrola.
- Ah, eu gosto muito dele sim. Além de namorado é um ótimo amigo. Mas se quer saber se acho que ele é meu príncipe encantado ou o homem que desejo casar, te respondo que não!
- Eu já imaginava!
-Hei. Porque esse ar de reprovação?
- Sabia que a Ana, que estudou com ele no colégio é apaixonada por ele?
- Não. Não sabia. E, prima gosto da Ana, só que não fui eu quem procurou Rodrigo, eu não o pressionei em momento algum.
- Eu sei, tem razão. Rodrigo gosta de Ana, como uma irmã e não como ela deseja.
Responde-me outra coisa.
- Hum... Isso ta ficando perigoso! È o jogo da verdade?
-Quase isso! Diga-me: Você acha que o Paul, algum dia realmente se apaixonou por mim?
Seja sincera.
- Acho que essa conversa não vai lhe fazer bem. Porque quer saber depois de tanto tempo e vocês estando tão longe?
- Me responda. Só te fiz uma pergunta simples.
- Ta bem. Acho que sim. Acho que no começo foi só admiração, mas depois do encontro no shopping, ele ficou mesmo apaixonado. Seny você deve esquecê-lo. Desculpe, mas, depois do seu pai ter pedido pra ele se afastar de você por causa da sua saúde emocional, ele resolveu mudar de vida e seguir sem ter esperança de que um dia desse certo.
-“Its Gonna be love.”. Eu não posso esquecê-lo Amanda. Meu pai recebeu uma proposta para trabalhar numa rede de saúde credenciada no exterior. Mesmo que isso aconteça, mesmo que nunca mais o veja , eu jamais esquecerei, foi meu primeiro e único amor. Como eu queria poder dizer isso olhando em seus olhos!
- Oh, amiga. Você sempre foi a certinha, a ajuizada e eu a rebelde maluquinha. Hoje eu é que tenho que dizer. Esqueça-o. Você precisa viver, chega de tantas dores. E olha que to ficando deprimida!
- Por quê?
- To parecendo sua mãe!
Amanda gargalhou com vontade.
- Ah, Olha que eu já sou quase debutante, só faltam dois meses!
- È mesmo prima. E já pensou o que vamos bolar para sua festa de aniversário?Sabe que adoro festas!
- Desculpe. Mas desta vez vu decepciona -
lá. Já avisei meu pai que não quero nenhuma festa. Sei que é difícil compreender, mas isso só me deprimiria mais.
- Compreendo que você sofreu bastante e essa é uma boa oportunidade de dar uma volta de 180 graus!
- Sei! Sei! Vou pensar.
- Promete?
- Prometo que vou pensar.
- Ora seny!
- Amanda, nesta altura, vai mais parecer que é uma festa de despedida! Meu pai se acha inclinado á aceitar a proposta.
- Ah, não me fale isso! Vocês não podem ir pra tão longe! Fazem parte da nossa vida.
- Também sinto muito!
As duas encheram os olhos de água e seguraram para aquilo não antecipar uma dolorida despedida.
Capitulo 10 Pedras e surpresas no caminho.
Uma semana antes do aniversário da prima, Amanda liga pra Seny aos prantos de desespero.
- O que foi Amanda?
- Você não pode deixar-me! Meu pai já vai deixar-me.
- Que é isso. Não faça drama, o que esta havendo?
- Kassia Levy esta grávida de quatro meses!
Vou ter uma irmãzinha. Você acredita? Já até escolheram o nome. Meu pai já esqueceu de mim! Jamais serei sua “filhinha” agora!
- Calma! Isso era passível de acontecer, afinal seu pai casou-se primeiro que o meu e ainda é jovem. E você jamais vai deixar de ser a “Amandinha” do Dr. Robert. Sabe qual a única diferença?
- Qual?
- Você vai ter uma irmãzinha pra olhar e não vai poder ficar saindo pra namorar.
- Engraçadinha! Queria saber como se sentiria se Márcia estivesse grávida.
- Nem brinca com isso! Não tem graça. E vê se para de chorar e vem aqui.
- Ta vendo você não quer uma irmãzinha, não é?
- É diferente e você sabe? Olha a minha situação, meu pai só me assumiu quando eu já tinha 12 anos! E deixe de drama que Dr. Robert te mima e muito. E. Qual o nome de sua irmãzinha?
- È Pra você é fácil. O nome que escolheram é Audrey.
- bonito nome. Agora vem pra cá que tenho uma outra noticia que quero te dar pessoalmente e tenho uma difícil tarefa pra você.
_ To indo. Sua chata! Rs.
- Hum.. Já parou o choro, Oh bebe chorão?
- Sei! Bonequinha de porcelana!
- Olha, não ofende não.
- Ta bom.
Amanda riu e desligou o telefone. Seny não sabia o porquê, mas sentia um grande aperto na alma, não gostou nada do Tio Roberto resolver ter um filho e nem queria cogitar a possibilidade de Márcia engravidar. Não adiantava, ia ser o fim.
Ainda não estava pronta pra isso e sabia que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria. Queria morrer quando pensava nisso. Sabia que era egoísmo, mas até a forma que Amanda a chamou de “bebe de porcelana” a fazia lembrar da humilhação do orfanato. Do abandono, da solidão e de toda dor mais recente que sentira. Nem queria pensar nisso!
-Querida.
-Oi, papai.
- O que você tem? Parece apreensiva. Ainda inconformada com a mudança?
- Na verdade também. È uma vida deixada aqui.
- Na verdade Seny é uma vida a ser recomeçada em outro lugar. A proposta é muito boa, quase irrecusável e tem outra coisa, o maior motivo deu aceitar sair do país é porque acho que vai fazer um bem imenso á você começar uma nova história e Veneza é uma cidade linda.
- Papai, você deve saber o que esta fazendo, mas pra mim é assustador. Nunca quis ir á Itália. Muito menos morar lá.
- Veja pelo lado bom, você ama massas e macarronada.
Will tentou sorrir, em vão tentava convencer a si mesmo que era o melhor pra todos. Também estava triste em deixar a família e os amigos. Porém um homem precisa fazer o que é certo e o certo nessa altura era mudar totalmente de ambiente e recomeçar. Ainda assim a sensibilidade de pai-amigo o fez perceber que havia algo mais preocupando o coração da garota.
- Anjinho, você realmente não quer fazer sua festa de debutante. È uma data tão especial pra uma jovem.
- Não!Trar-me-ia lembranças e saudade depois. E iria ser mais é uma festa de lagrimas e despedida, já que a mudança esta tão próxima.
- E o que mais esta deixando tão marejado o azul destes lindos olhos?
- Quer mesmo saber?
- Sim, claro que sim!
- Sabia que Tia Kassia esta grávida?
- Sim. Robert esta muito feliz. Por quê?
- Porque eu não suportaria estar no lugar de Amanda! Ela esta enciumada e infeliz. E eu não quero um irmão!
-Seny, ciúme é normal, Amanda foi filha única por quase dezessete anos! Mas, é egoísmo seu pensar assim. Por que não quer que eu tenha outro filho já que você esta se tornando uma mocinha?
- Porque minha infância começou aos doze anos! Você me deve alguns anos e não suporto a idéia. Sei que é absurdo. Mas simplesmente não suporto e pronto!
Will se deu conta de que nem todas as feridas de Seny tinham sido saradas e que precisaria mais do que uma sessão de terapia.
Precisava da ajuda de Deus. A mocinha de ferro, ainda estava frágil, magoada e apesar de ser tão possessiva quanto o pai, estava demonstrando o quanto ainda era insegura quanto ao amor dele.
Will queria ter um filho logo que se estabilizassem no exterior. Depois também ficaria inviável que Márcia engravidasse muitos anos depois em idade de gravidez de risco. Will sabia que tinha uma terrível escolha a fazer. Arriscar que Seny compreendesse ou nunca ter outro filho. Sentiuse como se tivesse que pagar assim pelos erros do passado. Mas e Márcia o que é que ela pensaria. Ela estava empolgada com a gravidez de Kassia e demonstrava claramente quem desejava ter um filho.
A campainha toca quebrando a nuvem negra.
- Quem será? Indaga Will - Eu abro papai, deve ser Amanda, ela ficou de vir aqui ficar comigo.
- Certo. Então vou até o banco com a Márcia. Comportem-se meninas.
E com um ar disfarçado de riso Will convidou Márcia para ir ao banco e tomar um café.
- Pronta dona sabe tudo! Fala Seny, que encrenca você quer desta vez?
- Ah, sim! Há.. Ha. Você é que gosta de encrencas Amanda. Olha meu pai ta decidido a ir pra Veneza ou pra outro país. Tenho uma proposta pra Boston com o Dr.Ferreira e pra Itália com Dr. André. È provável que vamos pra Veneza na Itália.
- Sei. Além de me dar essa noticia - bomba, o que mais você quer?
- Não adivinha?
- Ah, não! Essa, não! Ah ultima vez que você fez essa cara eu levei a primeira e única surra do meu pai!
- Ah, vai, nem doeu! E você nem lembrava mais. Você sabe o que eu quero e só você pode se passar por Anita.
- Parai. Deixa-me ver se entendi. Você quer que eu me passe por Anita e arranje um encontro de despedida entre você e Paulo?
- Yes! Quem disse que loiras não são inteligentes! Você acertou na mosca!
- Seny, isso vai dar rolo e depois... Do fundo do coração você sabe que eu topo, mas acho que você só sofreria mais. Você vai embora do país. Lembra?
- Por isso mesmo. Só quero ter a chance de dizer o que penso, de confirmar o que sinto e de saber tudo que se passou desde o ginásio ate hoje, entre eu e ele. Quer dizer entre o que sentimos. Porque primeiro nos tornamos grandes amigos e depois quando íamos nos tornar alguma coisa, você já sabe...
- Sinto muito pela Anita e pela sua doença Seny.
- Pois, eu não sinto não! Quero ser feliz custe-me a vida ou não!
- Ai isso me dá medo, mas ta bom, eu tenho um amigo que consegue a senha do site de conversa on-line, eu peço pra ele pegar o e-mail da Anita e o resto é com você.
-Feito.
Seny nem disfarçava a alegria só de pensar em rever Paulo e também a adrenalina de aprontar mais uma das suas muitas travessuras.
Sem duvida amava-o.
Dois dias e Amanda já tinha conseguido o tramite e o primeiro contato com Paul. Agora era com seny.
Na internet Paul estava on-line, a suposta “Anita” entra no site.
- Boa noite Paul.
- Muito boa.. Senhorita....
- Senhorita o que?
- Seny!
- como você sabe?
- Só você escreve e me chama assim.
- Bem, desculpe usar um nome que não é meu, é pra evitar problemas com a própria dona da conta.
- Eu imagino! Não sei por que não estou surpreso.
- Não entendi.
- Eu esperava muito que você entrasse em contato depois do ultimo e-mail. O intervalo entre nosso encontro e o e-mail tem quase um ano.
- È bem difícil pra mim, gostaria de não falar nisso.
- Entendo. Mas apesar de parecer demagogo da minha parte, percebi que seu pai quis preservá-la e mais que isso, lutou pra mantê-la viva! Sinto-me culpado até hoje.
- Você sabe que não é bem assim. E que não tem culpa. A culpa que tem é de ter me abandonado. Você é preconceituoso? Não me suporta porque tenho alguns problemas préexistentes de saúde?
- Sabe que não é isso. Você estava frágil e como eu ia enfrentar seu pai que estava quase tendo um enfarte também.
- Entendo. Ou melhor, quero entender. Por isso quero te ver hoje á noite. No Stop Youth.
- Ta maluca. Como você sabe que eu estou na cidade?
- Intuição.
- Sua intuição se chama Amanda?
- Bem por ai. E então?
- Lá pras 21h00min eu estou na mesa 03.
Mas como vai fazer com seu pai?
- Eu me viro meu aniversário esta próximo, não se preocupe.
_ Eu não tinha esquecido linda complicação.
Mas o que isso tem a ver.
- Só vou fazer uma pequena chantagem e envolver Amanda no rolo.
- Ai! Ta bem. Qualquer inconveniente me avise “Anita” (Seny).
- Até mais tarde, príncipe encantado.
Rindo desconectaram a travessura combinada.
Capitulo 11 Seny estava nas nuvens, já tinha planejado tudo, Amanda ia com Ana e Rodrigo no ponto dos jovens. Will hesitou um pouco, mas como Seny andara por dias tão tristes, resolveu permitir com o aval de Márcia. Claro que quis deixá-los, na porta do “Stop youth”. Deixando - os, fez mil recomendações aos jovens e pediu para ligarem na hora de voltar mesmo que fosse de madrugada.
Na mesa três lá esta Paulo. Mas lindo e encantador do que nunca. Seny parecia mais adulta, Também um tanto vulnerável, os hormônios estavam à flor da pele. A saudade, a dor, a vergonha, o amor, a vontade de abraçá-lo.
- Boa noite meu destino.
Disse Paul para Seny levantando-se e abraçando-a longamente. Um novo beijo apaixonado foi inevitável.
Desculparam-se com o resto da turminha, prometeram deixar os celulares ligados, mas queriam conversar a sós e tinham muito que conversar.
Foram no mesmo bairro num barzinho freqüentado por gente com bem mais idade e que tocava musica ao vivo e tinha um espaço reservado aos namorados.
Conversaram muito, desculparam-se, fizeram declarações e juras de amor, trocaram abraços com lágrimas, apertos de mão. Parecia que seus corações estavam apertados, pois, sabiam da despedida. Longos beijos e o desejo de que aquele momento fosse eterno.
O que aconteceu no longo caminho de volta para o Stop Youth para reencontrar a turma e voltar pra casa, só os dois compartilharam.
Seny e Paulo guardariam para sempre em seus corações a pureza, a intensidade, a dificuldade e dor da distancia daquele amor mutuo, desde o primeiro olhar no colégio.
Paulo queria fazer uma segunda graduação quando terminasse a atual, e ainda queria cursar a Universidade de Musica. Era apaixonado por musica e em especial pelos múltiplos sons da guitarra. Tocava já muito bem.
Seny por impulso ou sentimento de dever cumprido queria cursar letras e fazer pós em lingüística.
Muitos ideais que não podiam caminhar lado a lado. E eles sabiam. Tudo seria mais fácil se só Seny tivesse um dever com á vida, com a realização, com o sucesso. Mas, Paulo também tinha um valor enorme em seus ideais e era o orgulho de seus pais. Já que perdera um irmão aos cinco anos e tinha uma irmã da idade da sua amada, toda expectativa de seus pais concentravam-se nele.
A nossa flor de Lótus compreendia os motivos ou prioridades de Paul. Porém magoava a sensação de que era muito egoísmo dele. Já se dependesse apenas dela, agora sim! Agora tinha certeza que o amava e deixaria tudo, até mesmo abriria mão de seu futuro por ele.
Passaram dias falando-se por mensagens no celular. Por e-mails apaixonados e encontrandose vez ou outra, quando Amanda conseguia acoitar-lhes as mentiras. A cabeça da nossa pequena flutuava em duvidas: “O garoto do Colégio”, ele parecia amá-la, mas ao mesmo instante que demonstrava esse amor á seu lado, parecia tão disposto a abrir mão dele. E essa percepção estava assustando Seny. Agora que de fato eram namorados em oculto, ela cada dia mais tinha certeza: estava apaixonada! E temia sofrer a perda deste amor platônico.
Cartas e e-mail seriam constantes nos próximos anos e saudade maior que qualquer um deles! Afinal não eram virtuais, mais eram bem reais! Existiam. Tinham sonhos! Amavam-se.
Mas, também tinha ideal de carreira profissional, o que de qualquer maneira seria um obstáculo para a aproximação continua, já que eram ambos muito jovens!
- Prima tem certeza que não é apenas um capricho da infância? Como pode saber que gosta tanto dele?
- Não é um capricho Amanda. Os anos passaram Amanda e cada vez que estou com ele, mais quero estar! Quero estar com ele por toda minha vida!
- E se não valer a pena? Se a intensidade não for recíproca?
- Então eu saberei que sofrerei muito sem ele.
- Melhor se concentrar em que Tio Will não desconfie de nada.
- Sossega papai ta de boa. Ele nem desconfia.
- Olha lá, seny.
- Já disse pra não esquentar.
-É, mas meu pai ta achando que nós duas estamos saindo com muita freqüência. Outro dia ele interrogou Rodrigo e ele quase entregou tudo sem querer. Meu pai ta bem desconfiado.
- Ah que aloirada você é! Tio Robert deve estar preocupado contigo.
- Sei e por que será que frequentemente ele me pergunta o que você anda fazendo?
- Ele é assim desde o internato. Tio Robert não é preocupante.
- Não pra você, não é?
- Relaxa Amanda.
Seny queria não pensar na possibilidade de Tio Robert fraga o namoro. Mas, ficou preocupada. Ela queria que Paulo se decidisse por enfrentar o tempestuoso Dr. Will e assumir logo o namoro. Antes que Will resolvesse mesmo deixar o país. E. Depois se Tio Robert permitiu o namoro de Amanda, talvez seu pai também permitisse.
Ficou acordada por horas na madrugada maquinando maneiras de contar á seu pai e convencer Paulo que já era sem tempo.
Acordou pela manha com um sexto sentido apurado. Sua cabeça girava na angustia.
Ligou para Paulo.
- Paulinho?
- Olá querida.
- Bom dia. Olha acho que temos de conversar sobre a possibilidade de enfrentar meu pai. O que acha?
-Não. Não a mal. Acho que é cedo demais!
- Cedo demais para namorar?
- Não é isso. Olha pessoalmente falaremos melhor. Não antecipe nada. Já estou na republica.
Eu sei onde esta. Tudo bem. Foi bobagem minha, fique com Deus.
A menina de ouro sentiu-se sozinha e seus pensamentos continuavam a vagar entre as decepções, possibilidades e incógnitas.
Capitulo 12 Will não costumava mexer nos arquivos do computador de Seny, embora fossem compartilhados em rede.
Uma semana após o aniversario de Seny, deu um estalo estranho no pai de sexto sentido.
Resolver limpar os arquivos temporários da internet e viu um nick no site de conversa com email de “Anita”. Will já ia deletando, mas, espere ai Anita e Seny não conversam, e Anita não esteve aqui. Como ela pode ter usado a rede?
Mesmo sentindo mal, por invadir a privacidade ele abriu os arquivos, pois Seny esqueceu-se de desativar a opção: “gravar estas conversas no meu computador”.
E lá estavam gravados. Gravados?
Estampados! O encontro de Paulo e Seny vários dias antes do aniversario dela.
Will ficou irritado. Sentiu-se traído e o pior:
já não conhecia a filha. Não confiava em Seny.
Como ela pode usar a identidade eletrônica de outra pessoa. Ela e Amanda. Ah! Essas duas!
Respirou fundo. Imprimiu a conversa pra não haver duvidas. Convidou Robert para uma conversa para ver o que o amigo aconselhava e o que ele conseguia tirar de Amanda.
Decepcionantemente, Amanda desta vez ficou sem saída e sem entender como o pai sabia, entregou o serviço todo até a saída de Seny com Paul por algumas horas. Will ficou transtornado.
Relevante relatar que foi por causa de Seny que Amanda levou já moça a segunda surra de chinelo do pai. Amanda queria torcer Seny, por causa daquelas marcas de chinelo nas pernas!
Pra Seny, não foi tão simples. O sermão de Will doeu mais que qualquer tapa. Ele tratou-lhe com cautela porque tinha medo que ela adoecesse, mas lhe disse que a pior cousa é perder a confiança em alguém e que ele estava decepcionado ao extremo com ela. E que usurpar era coisa de quem não tem caráter.
- Mas, o que eu fiz papai?
Seny perguntou já com dor no peito e muito triste por ver nitidamente que seu pai estava contristado por causa ela. Mas não imaginava o que era.
- Leia isso!
Tio Robert aguardava no rol de entrada.
E entregou-lhe as folhas impressas com a conversa on-line.
Seny começou tremer não sabia o que dizer, por fim deixou escapar com muita sinceridade;
- Papai, eu sinto tê-lo decepcionado e mentido pra você. Mas sinceramente eu faria de novo, foi muito importante pra minha vida, pra tudo que vou fazer daqui pra frente e até pra enfrentar a possível viagem, essa conversa longa que tive com Paulinho.
- Paulinho? Quanta intimidade! E ainda me diz que não se arrepende? O que quer dizer como se encontro fosse influir em todo seu futuro! Que besteira você fez!
Will lembrou com desespero do seu amor por Jéssica nos anos de faculdade e de como pensava que nada mais importava a não ser estarem juntos e que a inconseqüência dos dois trouxe muitas conseqüências e um grande sofrimento.
- Papai; não fiz besteira alguma. Não fiz nada que eu ache indigno ou que eu me arrependa. Fiz o que queria há muito tempo.
Ficar a sós e me abrir e ouvir e sentir também o que nos envolvia. Eu o amo e já te disse isso!
- Você ama alguém com quinze anos de idade? Com essa idade você jamais poderia saber o que é amor. Isso só pode ser um castigo pra mim. Eu não acredito no que estou ouvindo.
Robert se contorcia nos sofás brancos , mas não queria intervir ainda.
Seny com medo e numa reação de defesa perdeu a compostura e esqueceu q eu a reação de Will às vezes era precisa e dolorosa, no auge da aborrecêndia do “ninguém me entende, nem manda no meu coração”, respondeu.
- Eu já te disse com doze anos se você se lembra que você podia mandar no que faço, mas não no meu coração. E se o que faço esta guiada pelo coração... Oh, Sorry! Eu tenho direito de ser uma pessoa independente.
- O que? Vou te mostrar onde acaba sua falta de respeito e independência.
- Oh, sim, vai ameaçar levar-me pra outro país, pra afastar-me dele?
Num frenesi emocional, Seny gritou com ironia e sarcasmo.
Will arrancou o bip e o celular da cintura, desatou o cinto como quem puxa um fio liso, nem pensou mais em poupar Seny de algum aborrecimento. O que não poupou foi as varias cintadas que fizeram aquela jovem gritar pelo socorro de Márcia e chorar sem parar.
Márcia não estava em casa. Dr. Robert ao perceber que Will ficou muito alterado, socorreu a sobrinha postiça mesmo estando também bravo com ela.
- Já ta bom, Will. Melhor não perder a cabeça. Seny já entendeu o castigo.
- Que liberdade você pensa ter com quinze anos, Seny? Acha que vou deixar você estragar sua vida?
Will gritava tendo o músculo do rosto contraído e os olhos brilhantes de raiva.
Entre a dor e raiva os gritos de acusação e rebeldia ecoa pela casa.
- Você sempre me afastou de tudo que mais amei. Afastou-me da minha mãe! Privou-me de ter um pai mesmo estando lado á lado comigo no orfanato e agora vai me levar pro estrangeiro pra me privar de viver um amor que acontece na vida de todo adolescente! Bate mais! Não importa!
Você estragou tudo papai! Eu teria contado bem mais tarde, mas, como sempre você nunca espera. Sempre julga! Sempre tem a vida a seu controle.
Tio Robert agora é quem se vê entre o conflito de gerações e usa toda sua autoridade:
- Seny!Estas marcas de cinta são poucas?
Não são suficientes para entender que tem que obedecer e respeitar seu pai, mesmo que não entenda e concorde com seus motivos.
Will era compreensivo, porém sempre fora um homem de fibra e não é agora que ia fraquejar mesmo diante das acusações que o machucava vinda da rebeldia insistente da nossa menina de ouro. Decidido, dobrou o cinto em dois e dá uma ultima cintada dolorida e certeira.
- Ai! Ai! Por que não me mata logo!
A própria frase estancou a súbita demagogia ao perceber que seu pai estava decidido a fazê-la respeitar sua decisão, custe o que custar.
Só ai ela percebeu o quão serio era a situação viu-se desesperada mediante a fúria do imponente Doutor, as pernas queimavam tanto, sua pele sensível ardia, agora que o pico da revolta já havia passado, temeu que castigo ainda pior pudesse lhe sobrevir? Num relance de auto-socorro, ela corre ate Dr. Robert e abraça-o entre os gritos:
- Ele não me ama Tio Robert. Não me ama como filha. Nunca me amou.
- Seny, não é verdade! Você sabe que esta errada minha criança. E sabe que mereceu apanhar.
Dr. Robert num ímpeto paterno abraça-a e como era um pouco esguio, porém bem mais alto que Will. (Dr. Roberto passava de um metro e noventa de altura), ele levanta nossa adolescente franzina e a pega no colo como quando ela tinha seis anos. Debruça a cabeça de Seny sobre seu ombro e decidido já não deixa que o pai a castigue mais.
- Roberto não faça isso! Não acoite os erros dela.
- Já basta Will. Não esqueça que sua filha pulou a infância e é uma adolescente “muito diferente”, um tanto especial. Acalme-se meu amigo e deixe-me conversar um pouco com minha sobrinha. Afinal há anos que não tenho mais essa oportunidade. Ainda tenho essa honra?
- Está bem, Robert! Mas depois anda tenho muito que conversar com ela! Ela me deve muitas explicações.
- Claro, mas agora deixe pra mais tarde.
- Já que você quer passar a mão sobre as travessuras dela como fazia no internato, então fique com essa benção, enquanto vou buscar Márcia no escritório.
- Ótimo Will, assim você esfria cuca e eu posso tornar aos seis anos desta princesa rebelde que acaba de levar umas palmadas de um pai muito bravo.
- Só você Robert. Você e Márcia, para mimá-la, por isso ela é assim.
- Tchau Will. Pode ir buscar a mãe dela. A
casa é sua, mas, ate mais tarde.
E num tom brincalhão Robert tenta acalmar Will e afastá-lo de Seny, que também esta se sentindo injustiçada e revoltada e prestes a enfrentar de novo a fúria do pai, entre o medo, a saudade que não queria ter que passar do seu amor (Paulo), seus ideais e a razão que gritava forte dentro dela. Tudo era um turbilhão de emoções.
Quando veio morar com Will, até achou que mias cedo ou mias tarde ele iria dar-lhe umas palmadas. Ele já era duro e autoritário com ela no internato. Porem ela perdeu certo respeito quando o culpava pela morte da mãe. Agora três anos depois não esperava que já mocinha o pai ousasse corrigi-la com palmadas. Sentia-se envergonhada, frágil, injustiçada e também de certa forma protegida. Autoritário, conservador, jovem e prepotente, mas, contudo ele agia como pai. Pai que ela sempre precisou ter.
Aquela conversa com Tio Robert não foi nada agradável. Seny o respeitava muito e sabia que ele a considerava como uma filha. Era seu protetor no orfanato. Porém confessar á ele o que acontecia entre ela e Paulo exigia mais do que confiança, exigia coragem!
Ela ainda ficou bons minutos no colo do alto Tio Robert entre a dor das palmadas e o receio, chorava... Chorava e chorava. Dr. Robert tinha o dom da paciência e sabia a deixar desabafar as lagrimas, e mimá-la até ela sentir que estava pronta pra enfrentar o júri de sua causa.
Ela caminhou quase que a esmo e sentouse estagnada nos sofás brancos. Olhou com seu arsenal de coragem.
O jovem e gentil, Dr. Robert, não demonstrava o medo que sentia do que ia ouvir, porém seu olhar firme denotava toda segurança que ela precisava ter.
- Tio Roberto sabe que não sou de meias palavras. Mesmo com pouca idade sei que já dei trabalho pela tropa de um exercito!
Subitamente riu de si mesma. Admirável incógnita. Robert a olhava, admirado. Jéssica Lyran ressurgira naquele sorriso malfadado, dolorido, porém perseverante indubitavelmente.
Fitando-a bem dentro dos olhos ele segurou seu queixo e com a alma recitou para a linda menina:
-“Porém há esperança para o ferido, como arvore cortada e marcado pela dor, ainda que na terra envelheça a raiz e no chão abandonado o seu tronco morrer, ao cheiro das águas brotará”.
(Bíblia Jô 14:7).
- Que lindo Tio Robert. Emocionou-me, Então há esperança pra mim?
- Com certeza querida, há toda esperança e sonhos e idéias. Deus fez de você uma jovem rara e admirável e tão doce e corajosa quanto sua mãe.
- Eu fico feliz quando sou comparada á ela.
Sei que ela era diferente e que era mal interpretada, mas acredito quando papai diz que ela tinha honra que não era encontrada facilmente numa colega de universidade daquela época.
- Isso é bem verdade querida. Conheci de perto a Srta. Lyran e realmente ela era polemica e admirada por todos os alunos e professores do campus de Letras. Mas voltando á nossa história me diga o que vai nesse coraçãozinho arteiro?
- Acha mesmo que não sabe tio?
- Gostaria de ouvir de você querida.
- Resumidamente, pela parte que me foi revelada da história acho que o mesmo grau de sentimento que envolveu meu pai e minha mãe, hoje envolve minha vida e a de Paulo. As mesmas incertezas e contraditoriamente; as mesmas certezas!
- As certezas eu deduzo, me diga quais são as incertezas?
- Se nos veremos de novo, ação eu vá para o exterior. Realmente é cedo pra ir longe ao que sentimos?Amanha não será tarde? E se não nos contermos agora, poderemos realmente nos arrepender amanha?
- Céus! Estou falando com Seny ou com a cópia fiel de Jéssica?
- hum.
- A, querida, a própria historia já é sua resposta, olha o sofrimento que a imaturidade deles trouxe á você, e não quero fazê-la sentir-se rejeitada ou excluída, mas você sabe que tem problemas sérios de saúde física e emocional.
- E o que isso tem a ver com meu futuro?
- Imagine se você passa alinha e gera uma criança. Vai querer que ela passe por tudo que você já passou. Nenhum de nós é eterno na terra!
Robert se arrependeu de ter sido tão claro.
As palavras de Tio Robert fizeram Seny pensar na vida de um ângulo que jamais tinha pensado. Se ela tinha entendido bem, estava marcada. E
jamais ia quere ferir alguém. Olhou-o boquiaberta, estática, caia de uma nuvem.
- Tio Robert! Como pode dizer-me isso tão friamente? Reconheço que realmente você é um grande amigo, jamais alguém teria coragem de falar assim comigo. De colocar as coisas dessa maneira. Você obrigou-me a repensar tudo! Eu devia odiar, porém tenho que agradecer.
- Sinto muito Seny. Mas se eu tivesse a maturidade de hoje, quando ouvi Jéssica a primeira vez, talvez o rumo fosse totalmente outro.
- Compreendo.
E levantando-se, abraçou seu amado Tio Robert e beijou seu rosto, como se fora a filha pródiga. Retirou-se para o quarto e chorou toda sua incógnita e desesperança. Agora ela é quem queria partir. Partir pra longe do seu destino ou do rumo que seu coração escolhera. Queria deixar Paulo e tudo que amava nele. Chorou por horas a fio.
Baixinho e de joelhos, entregava toda ansiedade, preocupações e duvidas como quem deposita sobre um altar. Entregava com as lagrimas sua alma nas mãos do Todo Poderoso Deus Criador. E depois adormeceu.
Will já tinha voltado, conversaram muito no escritório, ele e Robert e o coração de ambos condoera-se por ela, mas agora é que Will mais desejava partir.
Depois da conversa com Robert, Will fez uma ligação DDI...
Em Veneza do out4o lado da linha Dr. André ouvia atentamente.
- Pensei e repensei na sua proposta. Estou muito bem situado e estabilizado no Brasil, mas...
Will respirou fundo.
- Vou aceitar a proposta. Creio que serão bons novos ares e você sabe desde a faculdade que eu amo um desafio e você me deve de operar seu cérebro!
- Nem brinca Will. Isto esta no passado e sabe que a intenção foi a melhor, os meios é que não foram corretos.
- Sei! Bem vamos ter tempo trabalhando juntos para eu avaliar seu caráter. Temo que minha filha demore a adaptar-se com a mudança abrupta.
- Então vou conhecer a filha de Jéssica Lyran? Que maravilha! Quantos anos ela tem agora?
- Quinze anos e não fique animado. Ela é uma benção e também uma escola ambulante para esmiuçar na pratica nossos egos, e consegue coloca-los diante do espelho! Ela é rara!
Eu diria que única.
- Que seja! Deve ser mais tempestuosa e criativa que Jéssica e pelo jeito deve ter noventa por cento da teimosia do pai. Vou adorar conhecer a versão humana da bomba atômica.
- Sim, e como vai. Não tenha duvidas! Pego o vôo vespertino na quinta-feira. Seja o quer Deus quiser.
Will achou que Veneza seria melhor do que Boston. Embora tivesse uma mágoa tardia de André por causa do tal “falso beijo” com Jéssica.
Amargava no coração o passado e também o presente. Ele não tinha certeza de que estava fazendo a melhor cousa, mas queria tentar.
Jamais impediria Seny de crescer onde quer que fosse. Mas, se pudesse ao menos normalizar ou evitar que ela sofresse tão precocemente um amor amadurecido.
No avião de relance via os olhos azuis derramarem lagrimas. Observando-a de perfil, via a própria Jéssica refletida no brilho inconformado daquele olhar perdido. O tom selvagem dos cabelos soltos parecia uma miragem. Era seu lindo quadro pintado ao sol. Ela era parte dele!
Era seu desafio, sua chance de redimir-se do passado. Porém... Naquele avião, mas que tudo ela era “sua filha”. A menina que aprendeu amar tardiamente. E por ela ele aprendeu a deixar, a renunciar, ele não queria perdê-la. Nem mesmo par o tempo. Seu egoísmo não admitia a possibilidade dela não estar ali. Representava apropria Jéssica ressurgida numa versão moderna. Contudo descobriu que embora tenha amado Jéssica com toda paixão, hoje, ele amava Seny, pelo que ela era: fruto do seu amor! Sua benção! Sua imprevisível e doce filha! A criança que mudou sua vida!
Márcia apertava as mãos de Will.
Precisavam estar unidos para enfrentar tão grande mudança de hábito. Enfim; Arriscar era melhor que não tentar.
Recomeçar exige coragem, renuncia e primeiramente fé.
Capitulo 13 A vingança nunca é plena. Mesmo?
Chegaram á Veneza. A cidade do Romantismo. Tudo sobre ás águas era magnífico.
Seny, contudo sentia a alma partida. E nem queria pensar em tudo que deixou para trás.
Deseja ser um raro peixe e mergulhar naquelas águas.
Lembrou-se, porém, do versículo que Tio Robert citara novamente, na despedido no aeroporto: “... Há esperança...” e isso a enchia de coragem.
Nos primeiros dias tudo que via parecia abstrato, não prestava atenção em nada, queria estar sozinha consigo mesma. Queria estar a sós com Deus. Contudo via-se cada vez mais cercada de estranhos, amigos e conhecidos de seu pai no ciclo da medicina e quase a parentela toda do Doutor André. Seny nem imaginava que peça marcante ele foi para a trágica separação dos calouros Will e Jéssica. Mesmo assim sua alma chorava na solidão a cada dia que passava.
Will estava correndo muito com a burocracia, a documentação da rede credenciada de saúde e Márcia com a instalação de uma filial de sua conceituada agencia de design.
Para aquele pai, tão maduro e tão jovem simultaneamente, foi uma dádiva ter que enfiar a cabeça no trabalho.
Doutor André tinha um menino de dez anos, também esguio e bem afeiçoado. Franco apegouse logo á mocinha linda e amadurecida. Ele tornou-se a companhia de Seny, Franco freqüentava um grupo de préadolescentes na Comunidade Presbiteriana na Itália. Falava com muita freqüência e veemência sobre as atividades calorosas e alegres que envolvessem aqueles jovenzinhos. Tanto elogiou e tanto relatou que sua eloqüência convenceu Seny a fazer uma visita á reunião. Só não marcou com exatidão em que data iria.
Férias terminando, pais ocupadíssimos.
Seny adentrava numa ambigüidade com um rapazote tão novo, uma criança. Mas, o propósito desta amizade vai além do nosso entendimento.
A filha de Dr. Will freqüentava bastante o apartamento do Dr. André e consequentemente, Márcia e Gabriela aproximaram uma supérflua amizade. As visitas entre os casais eram freqüentes. Gabriela tinha um jeito simplório, porem, um enorme coração. Não trabalhava fora e André fizera questão que ela vivesse em prol do filho, Franco.
Instintos da Vingança Um caloroso jantar, o vinho em alta. Will e Márcia não eram habituados á bebidas com teor alcoólico.
André repara no significativo decote da blusa de seda que Márcia usava por baixo do suéter. Will pensou estar vendo coisas. Uma segunda vez era o fim. André já se apaixonou por Jéssica e agora que olhar foi aquele lançado á sua esposa?
André por sua vez desviou o olhar e tentou negar a si mesmo tal falta de compostura (Bento Capitolina?).
Will olhou para Seny. Lentamente mergulhou na figura dos longos cabelos soltos sobre os ombros, de costas para ele, ela lembrava e muito sua saudosa mãe (Will sempre admirou os cabelos negros de Jéssica Lyran). Ao fitar Seny muito atentamente ele percebeu olheiras profundas. O que significava que ela não estava comendo e nem dormindo direito. Sentiuse por instantes um mal feitor que destruiu a estrutura daquele anjo cálido, antes mesmo dela nascer. Toda rejeição que Jéssica sentira na gravidez deve ter transmitido ao embrião. Will ainda tinha as marcas e perguntas gritantes do “por que tinha que ser assim?”.
Olhou para Gabriela. Ela denotava carência e era explicita sua fragilidade e a insensibilidade de André. Absurdamente imaginou que seduzi-la não seria difícil. Mas, e Márcia? Márcia não merecia isso jamais! Porem esse pensamento de satisfazer seu ego e fazer André sofrer ficou pairando sobre sua mente como um mal pressagio.
Na volta pra casa enfrentou a luta contra um caráter que jamais pensou ter.
A conversão Aquela noite Will foi embora, contrariado com seus pensamentos e com a dubiedade aflorada de seu caráter.
Ignorou os encantos da linda esposa, olhava Seny e via-a como a via com seis anos de idade, um desafio, uma conseqüência, um labirinto impercorrível.
Will não dormiu. Não só parecia que estava em outro país, mas também era outro homem.
Na manhã de sábado, Seny, a doce menina solitária aceitou o convite de Franco e foi com ele á reunião da Comunidade Presbiteriana Avivada.
Naquela manhã alguns membros apresentaram uma peça teatral tocante e reflexiva: “Espelho da Alma”.
Uma musica de tocada tão suavemente a melodia ecoava no coração, a harmonia das notas com a peça apresentada.
“Desejo de vida, mas o que é vida sem paz”? São coisas que morrem não voltam jamais.
Na luta incessante que alma não alcança...
Dinheiro “não compra a vida, a esperança...”.
As palavras da musica recitada num cenário em que uma adolescente no abismo da solidão, chega ao mundo das drogas e tenta o suicídio.
Uma voz vinda de uma mão estendida faz desistir de partir, e ela chora apegada às mãos que alevantaram.
Um som eminente que coou por todo aquele salão: “... Vinde á Mim, você que está cansado, oprimido e eu vos aliviarei. Porque o meu fardo é leve e o meu julgo é suave. Eu Sou Jesus!”.
A peça, o cenário, a situação ali apresentada...
De repente o coração de Seny dispara.
Como ela desejava ver aquelas mãos estendidas para si. No sobrenatural explicável somente por Deus.
Seny sente-se abraçada e chora ignorando todos á sua volta.
Toda aquela comunidade sente uma paz indescritível e emociona-se.
Roberta e Fabiana que fizeram parte da encenação da peça apresentada aproximam-se da jovem visitante de olhos azuis.
Ao abrir os olhos, Seny percebe que todos estavam chorando também.
- Bem vinda Seny! Bem vinda ao coração de Deus! Bem vinda ao nosso meio.
- Sinta-se bem e á vontade amada.
Seny não consegue responder. Quase instintivamente abraça a jovem á sua frente e sente uma paz verdadeira.
Realmente nascia naquele momento uma jovem feliz, que ia ser a luz usada para dar direção ao lar de seus pais. Onde entre Will e Márcia começa algo estranho e desagradável. As duvidas e tentações estariam transformando os pensamentos de Will numa tempestade.
E Seny sem saber seria a ponte que lutaria para manter unidos o casal, Márcia e Will.
Chuva sobre a terra Will ia cada dia mais mudando seu temperamento. Estava sempre irritado e era grosseiro ou indiferente com Márcia.
Por varias vezes Seny viu Márcia chorar pelos cantos do apartamento.
- O que esta acontecendo mamãe?
- Oh querida eu desejava nunca ter vindo para este país. Seu pai ta muito diferente e nem nos primeiros anos de noivado ele me tratou com tanto desprezo.
- Mamãe não se preocupe. Confie em Deus, isso vai passar. Logo papai vai voltar a ser o mesmo homem preocupado com a família. Vou orar por isso.
- Oh querida, Deus te ouça! Você também está diferente Seny. Só que para melhor. Mais mansa, mais amável, mais compreensiva, mais amorosa. Oh seny, você é uma benção! Por sua causa é que não me sinto tão sozinha.
- Nunca vai estar sozinha mamãe. Deus está conosco!
- Vejo que fazer parte desta comunidade eclesiástica fez muito bem pra você.
- Oh, por certo que fez! Ajudaram-me a superar muitos traumas. Inclusive a dolorosa e peculiar possibilidade de não mais ver Paulo, todo o universo que construí no passado. Deus com certeza nos trouxe aqui por algo maior. Confie nisso mamãe. Faça dessa esperança seu consolo.
- Esta certa querida. Vou tentar.
A meiga adolescente abraçou a madrasta.
Queria confortá-la e quem diria que um dia essa moçoila iria agir assim.
A menina azul vinha observando o pai há algum tempo e percebeu que ele olhava para André como se este lhe devesse alguma coisa. Já quando Will se dirigia á Gabriela se desmanchava em sorrisos e elogios. Era obvio que o desejo de vingança estava cegando Will e que a raiz de amargura plantada no passado precisava ser estirpada antes de matar as duas famílias.
A sensibilidade dotava Seny de perceber que seu lar corria um serio risco, e ao mesmo tempo a certeza de que podia fazer alguma coisa, a mantinham sob a vigilância das atitudes do pai e das suas próprias.
Como ela sentia-se amadurecida. E como se sentia capacitada por Deus para ser ponte, não queria mais ser muralha. Queria ser ponte.
Sentia falta de Amanda e tinha certa esperança que na primeira oportunidade levaria a amiga ao encontro de jovens na igreja. Bem lá no intimo Seny desconfiava que Tio Robert, já conhecera essa “palavra” maravilhosa, quando citou pra ela: “Há esperança para o ferido”. Por isso ele era tão amoroso e diferente. Procurava ser justo e era seu defensor desde o internato.
A saudade bateu forte da sua casa, seus amigos, sua turminha, sua prima, seu avô, Tio Robert... Até das orquídeas sentiu falta. Sentiu falta de seu mundo desenhado.
Era inevitável também não sentir falta de Paulo. Então ela chorou. Não mais um choro de duvidas ou revolta, mas, um choro de gratidão e saudade!
“... Em algum canto da alma, há uma imagem refletida dos rostos amáveis da vida, das pessoas que o coração guardou.”
Seny orava, procurava fazer do ambiente de casa o melhor possível.
Porém numa ocasião quando ela presenciou a discussão entre Márcia e Will, e ouviu as palavras de ofensa que Will se referiu á esposa, Seny não agüentou.
- Papai, você devia envergonhar-se do que disse!
- Menina, não se meta! Quem é você para dizer o que está certo?
- Sou sua filha! E alguém que está observando que você pensa que dobrando a ovelha do pasto alheio vai apagar a praga que devastou seu pasto anos atrás!
- Você enlouqueceu menina?
- Só que seu pasto já reverdeceu, foi reconstruído e agora com suas atitudes, você mesmo quer atear fogo em seu próprio pasto.
- Do que você esta falando?
- Pergunte á você mesmo, meu pai. Somos sua família. Já não temos valor em sua vida? O
que você deseja e não tem que te faz virar toda sua ira contra nós?
- Essa turma da aleluia ta te virando a cabeça.
- Não papai! O passado e seu ego é que está cegando você. Seu orgulho tem ferido todo mundo, olhe você mesmo! Por que não reflete?
Você tem que ser o exemplo! Papai!
- Já chega Seny! Cale-se e saia da minha frente!
Em outro tempo, ela o teria enfrentado, mas agora preferia que as próprias palavras o fizessem refletir.
- Sim papai.
Seny dirigiu-se para seu quarto calmamente, com amargura de alma.
Will surpreendeu-se. Não esperava que ela não revidasse e muito menos que obedecesse.
Olhou para o rosto de Márcia desfeito em lagrimas e sofrimento.
Will silenciou-se. Sentia-se afrontado. Mas as palavras da filha imprevisível não saiam de sua mente: “Você tem que nos dar o exemplo”.
Aquilo fez com que ele caísse na terra.
Decidiu sair do apartamento e foi andar para refletir. Lembrou-se do semblante de Márcia.
Como ele estava sendo cruel precisava vencer isso. Precisava vencer a si mesmo.
E a metáfora que seny usou? Como é que ela havia percebido?
Will precisava mudar! Nem que pra isso tivesse que retornar ao Brasil.
Era um absurdo a tensão. Precisava da ajuda de Deus. Sozinho não poderia vencer a si mesmo.
Will voltou para casa já era de madrugada.
Não tinha coragem alguma de encarar o olhar de Márcia.
Abriu devagar a porta. Esperava que Márcia estivesse dormindo, assim à situação seria menos constrangedora no momento. Para seu desespero uma meia luz acesa na sala.
- Eu esperava que você tivesse ido dormir.
- Eu queria muito falar com você papai.
- Seny? O que faz acordada? Pensei que fosse sua mãe.
- Eu sei. Aconselhei-a a tomar um calmante e ir dormir. Ela estava muito transtornada.
- Filha eu sinto muito. Isso são coisas de adulto. Se me esperou pra me cobrar, olha já não estou com o mínimo de paciência pra tanto desgaste.
- Papai, eu esperei pra dizer que te amo! E
que sinto sua falta! Sinto falta do pai autoritário, mas muito amigo e presente. Sinto sua falta papai. Só queria que soubesse que você é muito importante pra mim.
Aquelas palavras desarmaram toda fúria, duvida e egoísmo do implacável Dr. Will.
- Vem aqui minha menina.
Will abraçou a jovem de ouro. E ambos derramaram lagrimas. Will como no passado envolveu Seny e lembrou-se que aquela criança era sua criança. E como se orgulhava dela!
As palavras recentes e atitudes dela o fizeram refletir e ter coragem e maturidade para fugir do mal.
Sentados sobre os sofás da sala, Will mimava Seny em seu colo e sem dizer uma palavra ambos adormeceram.
Às seis da manhã Márcia perdeu o sono. E
ao perceber que Will não dormiu no quarto, talvez nem tivesse dormido em casa, sentiu-se no auge da humilhação. Estava no limite. Que ingratidão.
Ela esteve ao seu lado quando ele sofria por não poder ter a filha consigo e nem revelar pra ninguém que tinha uma filha. Ela apoio-o em tudo. E agora é assim que ele lhe paga!
Abriu a porta do quarto enfurecida, pronta para ligar pra ele e declarar guerra.
Ao deparar com a luz da sala acesa mal pode crer no que via. Will dormiu sentado, apoiando a cabeça de Seny em seus ombros.
Aquela cena desarmou-a totalmente. Será que Will voltou a ser o amável pai e dedicado esposo?
Resolveu acorda-los, podiam ficar com dores no corpo de estarem sentados há horas.
- Querido... Vá deitar-se na cama.
- Oh! Bom dia amor. Desculpe adormeci fazendo cafuné no meu bebe autodidata em psicologia, graduada por algo sobrenatural. Rs Márcia sorriu. Reconheceu o semblante lúcido e meigo do esposo honrado.
Will deitou Seny sobre os sofás e deixou-a dormir.
Se ela realmente estava dormindo eu não sei.
Mas...
Will abraçou Márcia e com um longo e ardente beijo se dirigiram para a suíte.
- Perdoe-me querida fui um tolo!
- Foi mesmo!
Murmurou Márcia, entre os beijos e as lagrimas de emoção que emanavam de seus olhos.
Quando acordaram lá pelas 10h30min da manha, Seny já havia dispensado o Dr. André ao telefone e tinha preparado o desjejum.
Márcia estava sorrindo e com um brilho lindo nos olhos. Will parecia mais calmo e sereno, porém vez ou outra se tornava pensativo.
Ele comunicou á elas que, teria uma conversa com André e que mais tarde tomariam uma decisão os três em família.
Não sei por que, mas, Seny não estava nem um pouco surpresa. Sabia que Deus estava trabalhando.
Márcia ficou apreensiva, porém era bom confiar que a conversa só melhoraria a harmonia da manhã de hoje.
RENUNCIA QUANTAS VEZES FOR PRECISO.
POIS A FALTA DA RENUNCIA PODE CUSTAR-LHE
O PRAZER DA ALEGRIA FUTURA.
Capitulo 14 Individualismo ou Solidão?
O então confuso medico, marido e pai, refletia sobre as conseqüências do atual individualismo. A liberdade tão defendida estava levando á um rompimento dos laços familiares.
Depois da mudança para Veneza Seny dava menos trabalho, em contrapartida estava tão independente e fechada em seu próprio mundo, que ele nem conseguia avaliar se ela estava mais feliz ou não.
Ele mesmo andava muito envolvido com a parte social da clinica e Márcia estava sozinha empenhando-se na filial da empresa de design.
Seus únicos pontos em comum era a amizade com André e Gabriela. Se bem que Márcia tão tinha tanta intimidade assim com a esposa de André ao ponto de considerá-la uma amiga.
Will começou a perceber que este distanciamento fora a porta pra que o desentendimento entrasse em seu lar.
È verdade que seny apresentava menos crises de saúde. Mas se analisado num todo; os valores de: união, convivência e de um lar feliz, estavam sendo perdidos. E isto não tem preço!
O viril e admirável Carlos Will considerou seriamente a possibilidade de voltar ao Brasil, retomar seus valores anteriores e de família. E
também que seny estava crescendo e que ele precisa aceitar o fato e orienta-la quanto á vida amorosa e não distanciar-se dela induzindo-a a viver num casulo, como vinha fazendo.
Sentimento ‘ Lost’
Em terra estranha me sinto, Sozinha num vôo arriscado.
Olho os ovos no ninho...
Quem dera os tivesse resguardado.
Não me sinto protegido.
Vulnerável, sem cor, Sem passado.
Quisera escolher não ter ido.
Agora o partir confirmado.
A dor do amor á distancia...
Os dias complicados que vagam.
As dificuldades postas na balança...
Faz que: não voar...
Tenha eu desejado!
Não sei o que seria hoje.
Nem se feliz ou mais massacrado.
Se eu não tivesse vindo, Que historia escreveria meu passado?
- Papai, eu posso descer com Franco para ver a neve?
- Faz muito frio lá fora, nesta época do ano.
- Ah, papai só uns minutos?
- Esta bem, mas, vá bem agasalhada.
Desceram triunfantes pelo elevador.
As arvores, o chão coberto de neve, tinha um encanto que prendeu os olhos de Seny no fascinante enunciado da natureza.
- Viu Seny. Como Deus criou tudo tão lindo?
Tão alva e gelada é neve que podemos tocar.
- É verdade, Franco.
- É sim senhorita, então toca isso!
Franco com um sorriso maroto, arremessou uma bola de neve no casaco de Seny.
- Ai! Esta gelada! Eu te pego!
Ambos riam. Corriam. Tornavam a correr e jogavam bolas geladas um no outro.
Da janela Will e Márcia acompanhavam encantada a brincadeira dos jovens. Como Seny já moça era doce encantadora e como poderia manter uma amizade com franco quase seis anos mais novo? Ela parecia muito feliz!
Will abraçou sua linda esposa e pela primeira vez, Márcia sentiu-se bem naquela cidade.
Continuavam observando a diversão das crianças na neve.
Parecia que seny estava parada e Franco tentava sinalizar. Deveria ser alguma brincadeira.
Lá em baixo, Seny mais pálida que o normal não conseguia mover-se. Franco percebendo que ela não estava bem a pegou pela mão e quase a arrastando, conduziu-a ao rol de entrada do prédio.
Márcia lembrou-se dos problemas cardíacos da enteada. Simultaneamente ela e Will desceram pelo elevador o que parecia séculos.
Ao alcançarem à recepção, a branca de neve empalidecia mais e mais perdendo os sentidos. Desmaiou relembrando ao pai o quanto ele precisava estar atento. Ela ainda precisava de cuidados médicos. Embora houvesse muito tempo que sua saúde estava estabilizada.
Levada imediatamente ao hospital, Will se encontrava tão desolado que foi Dr. André quem medicou a nossa frágil branca de neve.
Felizmente só uma arritmia causara o mal estar. Ela estava bem, na ocorriam riscos mais sérios.
André estava encantado com a personalidade vibrante e a força de vontade, coragem e beleza de Seny. Era a representação de Jéssica Lyran em estilo, força e graça!
Instintivamente o pequeno incidente lembrou Will que ele tinha algo mais concreto para se preocupar do que a possibilidade de vingar-se de André ou não.
O soro correndo na veia, o oxigênio do cateter. Lembraram-no do cenário doloroso que viveu no Brasil. E vendo sua moça corajosa tão fragilizada, sentiu-se indigno.
A jovem murmurou ainda com os olhos fechados.
- O que há papai? A neve nem tava tão fria e só tinha um anão, faltaram seis!
E ameaçando um sorriso continuou:
- Não vi dar-me um beijo pra eu despertar ou vai esperar o príncipe encantado?
Will amou-a. Realmente amou-a por aquelas palavras. Amou a coragem e dom nato daquela pequena dama.
- Você é realmente especial! Eu te amo branca de neve travessa!
E apertou de leve a mãozinha de sua jóia convalescente.
Final Passadas algumas semanas, brilha o sol em plena Itália.
- Bom dia minhas princesas.
- Bom dia papai! O senhor esta com um brilho diferente.
- Bom dia querido.
- Hum... Mamãe você também esta com um brilho diferente. Dormiram bem?
- Oh, sim! Graças a Deus.
Seny ficou vermelha coma resposta do pai e com a percepção que ele teve do respingo de sarcasmo na pergunta dela.
- Que bom! Mas...
- Mas?
Exclamaram Márcia e Will.
- Quero que acordem sempre assim! Mas...
- Mas o que Seny?
- Deixa pra lá papai.
No fundo ele sabia o que ela ia dizer. Seny decidiu não estragar o momento abençoado e Will não quis correr o risco de ter novamente uma Seny triste em casa.
- Bem...
Continuou Will:
- Vou anunciar-lhes sem mais delongas: Em dois meses retornamos ao Brasil!
-???
Márcia ficou boquiaberta, na verdade era tudo que queria.
Seny imprevisivelmente pareceu mais assustada do que quando viera para Veneza.
- Mas pai. E meus novos amigos, Franco, Fabiana e Roberta? E a comunidade cristã?E a rede credenciada? E...
- Seny pare com isso! Você sabe o porquê temos que voltar. E não finja que não entende.
Conto com sua ajuda. E quanto á seus novos amigos, você saberá manter contato e a tal comunidade também existe no Brasil!
- Claro papai. Desculpe. È egoísmo meu só fiquei assustada com a possibilidade de... Deixa pra lá.
- Sei! Com a real possibilidade de reaproximar-se de Paulo! Quero enfatizar desde já que meu conceito sobre este assunto ainda não mudou!
- Mas... Papai! Eu amadureci bastante.
-Concordo que sim. Mas continua sendo minha linda filha e seu olhar revela que esse seu sentimento por Paulo é ainda o ponto de sua fraqueza. E falando agora mais como amigo do que como pai eu não posso arriscar! Amo você minha inusitada menina!
- Paizinho. Posso ser um pouco leviana em perguntar outra coisa?
-Seny!Seny! Pergunte o que é?
- Papai, eu não quero um irmão! Não quero um irmão agora!Na verdade acho que não quero nunca. Sei que é muito egocentrismo meu. Você e a Márcia... Isto é... Vocês não estão pensando em ter outro bebe?
- Outro bebe?
Márcia riu.
- Seny você é tão precoce, quanto mimada e infantil! Ainda se considera um bebe e quer namorar?
- Má você entendeu!
Will com toda calma e como quem já conhecia o antigo medo e ciúme de Seny usa a tática da reflexão indutiva.
- seny, é melhor você refletir melhor se esse seu medo não esta bloqueando a chance de você ter a benção de compartilhar um irmão ou irmãzinha. Reflita melhor. Ninguém é o centro do universo. Mas seu lugar nunca será tirado dos nossos corações, haja o que houver. “Quem é rainha jamais perde a coroa”. Conversará melhor sobre esse assunto quando voltarmos ao Brasil.
Seny temia o que viria agora. Mesmo assim estava feliz que retornar á sua pátria. E já havia se informado do endereço de várias comunidades presbiterianas no Brasil e manteria contato com o especial garotinho Franco e ás suas jovens e virtuosas amigas Fabiana e Roberta.
E Paulo?
Paulo seria uma dádiva altruísta e tão futura.
Amava-o. Sonhava em revê-lo, mas a distancia a fez aprender a amar a si mesma e a depender de Deus. Conseguira e se por acaso fosse preciso ainda conseguiria viver sem a proximidade dele.
Cartas e Cartaz!
Sem você.
Tão longe de um mundo que conheci, Milhas da cidade onde nasci.
Já não me sinto tão sozinha sem você.
Você que eu tanto amei.
Você que ter eu almejei.
De repente descobri que posso viver, Já não vou morrer sem você!
Sem você reencontrei um lugar, Achei onde posso ficar.
Tenho mesmo que me amar, pois, Como eu poderia amar alguém?
Se a mim não fizesse esse bem:
Viver sem você!
A dor foi só o amadurecer.
E todas as cartas que te escrevi, Da cidade sob as águas?
Um dia eu vou postar, Hoje só quero apostar.
Certamente ainda há sonhos em mim.
Ainda há brilho no olhar.
A saudade já não vai me fazer chorar.
Eu posso viver! Sim é mais que sobreviver!
Que posso sorrir, sem você!
Talvez ainda não saiba aonde vou, Procure-me! Já não estou aqui, Paul.
Você leitor! Você mesmo!
Será que já cresceu?
Já aprendeu a se amar?
Você já pode estar sozinho e valorizar a vida, sem fazer de outra pessoa uma muleta, nem uma ponte para o sucesso?
Você amado leitor, Você!
Você já pode andar sozinho. Você já começou a vencer todo o medo do fracasso, da humilhação, da incompreensão e do desafio?
Você leitor. Você já começou a caminhada?
Muitas cartas, Seny escreveu para Paulo, cartas que guardou em e-mails não enviados, em impressos não postados. Um dia eu sei que ela vai mandar, o amor vai os reencontrar, mas, por hora, a caminhada é maior. È mais que um amor adolescente. É tornar-se gente e gente grande sem se esconder é aprender a amar a vida e a vida ensinar ela viver.
Coragem vestiu minha Seny. Compostura de honra. Talvez pagasse o preço dos solitários, mas jamais foi vencida pela solidão.
Seny era parte abrangente da comunidade cristã. Anos mais tarde descobriria que Paulo, no Brasil teria tido o mesmo encontro transformador.
Mas quando se reencontrariam de novo?
Acompanhe o desvendar da fase adulta e o que não foi revelado sobre a geração antes da menina de ouro no livro 03:
“O amanhecer de uma geração”.
O que você nunca leu.
Você não vai parar jamais.
Espero-te lá!
Sylvia Senny


Domínio Público Gov.BR


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